7 Concorrentes de Machado de Assis ao posto de melhor escritor brasileiro

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7 Concorrentes de Machado de Assis ao posto de melhor escritor brasileiro
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Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e Manuel Bandeira – alguns dos concorrentes. Veja outros abaixo.

Se perguntarmos quem é o maior escritor brasileiro de todos os tempos, a maioria vai responder a mesma coisa, sem pestanejar: Machado de Assis. Os motivos são muitos: porque sim e pronto, era o que diziam na escola, porque o Antônio Cândido disse etc. O fato de ouvirmos desde pequeno que o Bruxo Cosme Velho é o melhor e ponto nos faz aceitar o fato de que ele é sim o melhor e ponto, sem nunca nos perguntarmos se ele de fato é o melhor escritor brasileiro (creio que ele próprio não se considerava o melhor a sua época, imaginem se ele pudesse ler todos os nomes que surgiram após a sua morte).

Para tanto, elencamos sete concorrentes dentre a multidão de escritores que podem ser apontados como concorrentes a melhor escritor brasileiro, elencando em cada um motivos para ganhar tamanho título (e lembrem, isso não é dizer que Machado é ruim).

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Jorge Amado

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É provavelmente o autor brasileiro mais conhecido fora do Brasil de todos os tempos – bem mais que o próprio Machado, restrito aos meios acadêmicos e escritores, e um pouco mais que o Paulo Coelho. Jorge Amada narrou como ninguém o estranho mundo do cacau, no qual loucos viravam ricos do dia para a noite, mortes ocorriam por pedaços de terra e mulheres eram fiéis aos seus homens mesmo que estes tivessem o imperativo social de serem promíscuos. É autor de muitos livros e soube, num ponto crucial da sua carreira, se reinventar, lançando Gabriela, Cravo e Canela. Precursor do romance proletário, soube mostrar as mazelas das classes baixas de salvador em seus primeiros romances.
Grandes Obras: Capitães de Areia, Terras do Sem Fim e Gabriela, Cravo e Canela.

Graciliano Ramos

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É o escritor mais conciso da literatura canarinha, sem sombra de dúvidas. Autor de obras não tão extensas mas extremamente complexas, Graciliano Ramos é um grande analista da alma humana e da sociedade que o cercava. Mesmo em Caetés, romance de estréia ainda com muita influência de Eça de Queiroz, já era possível ver o que seria a marca da maioria dos seus romances: o narrador de primeira pessoa, o homem incomodado com a sociedade que o cercava, a queda das grandes famílias pré-Revolução de 30. Altamente criativo, compôs o romance mais interessante da literatura nacional, composto por contos que podem ser lidos isoladamente: Vidas Secas. Com forte influência machadiana, Graciliano Ramos é um grande passo à frente da tradição iniciada por Machado de Assis.
Grandes Obras: São Bernardo, Vidas Secas e Memórias do Cárcere.

Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade

Quando se faz uma lista dos melhores autores de qualquer coisa, normalmente se esquece dos poetas. Mesmo sendo um gênero a perder força, a poesia teve seu século de ouro apenas no século passado, tendo como o melhor de todos, inclusive nas palavras de Bandeira, o nome de Carlos Drummond de Andrade. Esse anjo torto versou sobre tudo que a Lírica Universal está acostumada a ver, sempre com qualidade: a reflexão sobre a existência, a solidão, a angústia de viver, o fluir do tempo, a morte, o passado, temáticas sociais do momento, o cotidiano, sobre a própria poesia, o amor etc. Até quando tentou andar por outros gêneros, como o conto, os resultados foram bons – ao contrário do Machado poeta, um tanto parnasiano demais para o meu gosto. Drummond era tudo ao mesmo tempo: moderno e clássico, rebuscado e simples, complexo e singelo.
Grandes Obras: A Rosa do Povo, Fazendeiro do Ar e Contos de Aprendiz.

Manuel Bandeira

ManuelBandeira

Um poeta no sentido mais duro da palavra. Alguém que dedicou a vida inteira à literatura, quer como poeta, professor ou tradutor. Capaz de um lirismo enganador, que brota de uma linguagem tão comum, que nos faz pensar que seus poemas saíram da sua boca da mesma forma que um olá preguiçoso pela rua. Assim como Drummond, tentou todos os estilos de poesia – inclusive fez poemas concretos, a maior maluquice das nossas letras –, tratando de todos os temas universais da Lírica. Bandeira é o que a nossa literatura ainda não tinha sido até então.
Grandes Obras: As Cinzas das Horas, Libertinagem e Estrela da Manhã.

Guimarães Rosa

Guimaraes Rosa

Nonada*, é assim que nos sentimos ao lermos Guimarães Rosa. Esse poliglota fez algo que nenhum outro autor até hoje fez: transpor para o mundo literário uma língua gostosa do seu povo do sertão mineiro. Em tempos em que se discute com tanta raiva o que é certo e errado em língua e literatura, ninguém nega que Rosa é um mestre da linguagem. Poeta premiado, ele é conhecido mesmo por suas narrativas ao mesmo tempo regionalistas e universais. Não há trama que se passe no sertão verde de minas que não toque um homem do outro lado do mundo pelo simples fato que o sertão é um cenário para que algo muito maior e complexo surja nos seus textos. Seja a criança que perde a inocência em Campo Geral, primeira novela de Corpo de Baile, seja na mais pura metafísica em A Terceira Margem do Rio, conto de Primeiras Estórias, o autor consegue atingir o leitor, ora o comovendo, ora o fazendo rir. E nem falemos de Grande Sertão: Veredas, pois ninguém consegue descrever o infinito dessa obra, dessa grande travessia.

*Segundo o Houaiss, ninharia, insignificância.
Grandes Obras: Grande Sertão: Veredas, Sagarana e Corpo de Baile.

José de Alencar

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Há quem torça o nariz quando se fala o nome dele, mas o fato é que as ambições que o levaram a tentar fazer uma Comédia Humana à la brasileira merecem respeito – pelo menos na ideia. Sua obra se divide em muitos eixos (urbano, rural, indianista, histórico) e seu alcance é infinito. É verdade que muitos dos seus romances são desastrosos – os históricos na sua maioria, e os que tentam abranger regiões que ele próprio não conhecia, como O Gaúcho, chegam ao cômico –, entretanto estes erros são compensados por grandes obras, quer na sua linguagem poética e nas aventuras que nos apresenta (O Guarani e Iracema), quer na análise de uma sociedade que ruía sobre si mesma (Lucíola e Senhora). Sempre é deixado de lado comparado a figura Machado, autor que ele próprio incentivou.
Grandes Obras: O Guarani, Lucíola e Iracema.

Lima Barreto

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Era mulato como o Machado, romancista brilhante como o Machado, contista brilhante como o Machado, e mesmo assim tem gente que o põe no segundo escalão da literatura nacional. Muito ligado aos escritores russos (“leia os russos”, dizia ele numa carta a um amigo), soube analisar os primeiros anos da Republica e os preconceitos contra os negros após a Lei Áurea de forma divertida e precisa. Criador de um tipo como Policarpo Quaresma, foi ignorado pela maioria dos seus contemporâneos com exceção de Monteiro Lobato. Ainda espera o seu lugar ao sol no nosso panteão de autores.
Grandes Obras: O homem que falava javanês, Recordações do Escrivão Isaías Caminha e Triste Fim de Policarpo Quaresma.

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Agora escolha o seu na lista – ou não – e divirta-se.

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