A epidemia das antologias – Vilto Reis

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A ideia de organizar uma coletânea de compostos literários para publicação não é de hoje. A primeira antologia, que se tem notícia, foi compilada por Meleagro de Gadara. Ela tinha poemas do compilador e de mais quarenta e seis poetas, no período clássico da Grécia antiga.

Apesar disso, atualmente, no mercado editorial, tanto lá fora quanto aqui dentro, tem se popularizado o formato. As ideias são inúmeras; e as argumentações a favor também, pois críticos e editores não se cansam em afirmar serem estas as oportunidades de novos autores iniciarem.

Por outro lado, não me canso de ver algumas pessoas a choramingar nas redes sociais. Há quem diga que as editoras formam panelinhas; e todas as outras desculpas que alguns indivíduos arrumam para justificarem o seu fracasso, sempre colocando a culpa no outro, para variar.

Mas voltando às antologias, resolvi citar algumas com propostas bem interessantes (nem todas eu tive a oportunidade de ler, mas destaco pela proposta):

capa-Geracao-subzeroGeração Subzero, organizada por Felipe Pena (Editora Record, 2012), foi motivo de polêmica e discussão; em grande parte, graças ao subtítulo: “20 autores congelados pela crítica, mas amados pelo público”. A ideia era reunir vinte autores que já conquistaram o público, porém são ignorados pela crítica literária. Nomes como: André Vianco, Thalita Rebouças, Eduardo Spohr, Raphael Draccon, Eric Novello, entre outros; contaram suas histórias; e certamente mantiveram o público; que ainda entrou em contato com nomes não tão conhecidos que também compunham o livro.

Fantasias urbanas, organizada por Eric Novello (Editora Draco, 2012), também chamou a atenção. Com intuito de, a partir da literatura fantástica, focar nas cidades, que figuram nas histórias quase como personagens, a antologia conta com a presença de nomes como Ana Cristina Rodrigues, Douglas MCT, Erick Santos Cardoso, José Roberto Vieira e Tiago Toy.

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O livro Branco, organizada por Henrique Rodrigues (Editora Record, 2012), tem uma proposta diferente. Dezenove contos inspirados em músicas dos Beatles + bonus track. Para os amantes dos garotos de Londres, como eu, foi ótimo; mesmo com estilos de escrita tão diferentes – o que, aliás, sempre acontece em antologias, não sei por que comentei. No livro, grandes nomes como: Carola Saavedra, Marcelino Freire, André Sant’Anna, Fernando Molica, entre outros.

Steampink, organizada por Tatiana Ruiz (Editora Estronho, 2011), despertou minha curiosidade desde que ouvi a proposta. A literatura steampunk tem cada vez mais ganhado o seu espaço, mas oferecê-la sob a visão das mulheres foi uma ótima sacada. As histórias falam de máquinas voadoras, robôs ,viagens no tempo e muito vapor misturado a vampiras, corvos, poetas, amazonas e até uma versão vaporizada de um clássico conto de fadas. Um livro sobre engrenagens escrito com batom.

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Cuentos de Tenis (Editora Alfaguara, 2012) tem nomes como o de David Foster Wallace e Adolfo Bioy Casares, é mais uma destas antologias que chama a atenção pela ideia tanto quanto pelo tema. Escritores que seriam verdadeiros “cabeças de chave” num Grand Slam da literatura escrevem seus contos, falando sobre sua paixão pelo esporte.

Enfim, se fôssemos ficar listando aqui ideias inusitadas, não terminaríamos hoje. Na minha concepção, antologias são boas para todos os lados editoras, aspirantes, escritores já consagrados; e, principalmente, para os leitores, que têm a oportunidade de verem temas inusitados, por autores que talvez não fariam isso de iniciativa própria.

E aí, viu uma antologia que chamou sua atenção?

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