Como fazer escolhas? Milan Kundera nos ensina

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Como fazer escolhas? Milan Kundera nos ensina

Você não sabe para onde seguir na sua vida? Milan Kundera resolve (ou não) os seus problemas

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Todos sabem que viver é fazer escolhas. E por mais que muitos fatores (sociais, econômicos, etc.) limitem as possibilidades que nos estão disponíveis, as que restam são suficientes para muitas vezes nos tirar o sono. Quem ser? Quem amar? O que fazer? São perguntas que se apresentam inexoravelmente a nós desde o princípio.

Para o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard, isso é o que gera angústia em nós. “A angústia é a vertigem da liberdade”, disse ele. E isso só é sarado no momento em que fazemos um salto de fé. Somente nos lançando nas “terríveis mãos vivas de Deus” é que o terrível coração dos homens encontraria a solução para essa doença que acompanha o homem até a morte.

Mas existe quem seja um pouco mais otimista e menos metafísico. Dentre eles, Milan Kundera em A insustentável leveza do ser nos oferece uma alternativa. O autor ressalta o ineditismo de cada escolha: nunca estivemos antes na situação da escolha e não temos como prever as consequências a que nos levarão esta ou aquela. “Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação”. A vida é uma peça na qual entramos sem ensaiar e saímos sem direito a reprise. E justamente por isso podemos escolher livremente.

“Sem nenhum critério?” perguntará o leitor mais esperto. Há sim um critério que pode guiar nossas escolhas que combina com a leveza do ser. É o Eterno Retorno de Nietzsche, basta se perguntar: se eu tivesse que viver eternamente o que estou vivendo agora, seria o mais feliz ou o mais infeliz dos homens? Se a resposta for afirmativa, escolhes bem, se for negativa, escolhes mal.

Essa consciência nos livra do ressentimento. Como dizem, arrepender-se é errar duas vezes. Livra-nos também da expectativa quanto ao futuro, criatura indomável. Por isso, Kundera recomenda que escolhamos livremente, sem o peso de quem se sentiria “responsável por tudo aquilo que cativa” como no Pequeno Príncipe, mas com a leveza (insustentável) de quem sabe que não pode ser responsabilizado pelo que cativa. Libertos do peso do arrependimento passado e da expectativa futura, vivemos plenamente o presente, o único momento em que a felicidade pode se apresentar.

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