Elementar meu caro Doyle – Sherlock Holmes realmente existiu?

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Estátua de Sherlock Holmes em Chelsea, Inglaterra (foto por Isriya Paireepairit)

Há quem diga que sim.
Outros que não!
Há quem conspire, e outros que inspirem.
Várias são as tentativas, muitas são as teorias, poucas são as provas.
O que resta é a sensação e vontade de acreditar.
Mas, talvez isso não seja mais preciso!

Trocando a fé pelos fatos, conheçam Jerome Caminada, a inspiração de carne e osso que gerou o famoso Sherlock Holmes e toda sua envolvente peculiaridade como detetive e consultor de assuntos “escabrosos” da polícia inglesa. Mesmo que pareça uma teoria fruto de mentes celestes, para não dizer “com a cabeça nas nuvens”, ainda é a que mais se aproxima da realidade.

jerome-caminadaJerome Caminada

 

Tomando do princípio…

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Sir Arthur Connan Doyle (1859 – 1930)

Muito já se especulou sobre nada mais nada menos que Sherlock Holmes e a engenhosidade investigativa que essa personagem incitou, e ainda incita, em seus leitores. Holmes encantou a Inglaterra vitoriana com sua habilidade incomparável de solucionar casos aparentemente insolucionáveis. Tudo com base em raciocínio lógico astuto e compreensão da ciência forense, para não mencionar o domínio exímio de disfarces, memória impecável e conhecimento enciclopédico das subclasses criminais.

A principal discórdia ao redor do eloquente detetive e consultor de assuntos extraordinários da polícia de Londres é de que o famoso personagem realmente tenha existido na vida real. E não apenas ele, mas até alguns dos mais notórios vilões e inimigos que preencheram as páginas dos livros e contos que envolveram o detetive.

Connan Doyle foi o médico britânico que também deu seus pulos como autor e criou Holmes e tudo que envolve esse personagem. Ele mesmo afirmava que a inspiração para tal singular figura vinha de Dr. Joseph Bell, um cirurgião para quem Doyle ainda jovem trabalhou em Edimburgo, e Sir Henry Littlejohn, um ex-cirurgião policial do qual tinha atributos similares aos de Bell: ou seja, conseguia grandes conclusões a partir das menores observações que fossem.

Todavia, a história pode não ter sido contada por completa, e fragmentos da construção de Holmes assim como sua mitologia e metodologia investigativa podem ter sido inspirados por uma figura de fato tão notória quanto o próprio personagem ficcional. Jerome Caminada é o nome; investigador é sua profissão; Sherlock Holmes, a melhor ficcionalização que poderia ser feita sobre quem era e como viveu Caminada.

Jerome Caminada foi um detetive investigativo de pai e mãe italianos, nasceu (1844) e viveu em Manchester, Inglaterra. A maioria dos casos que trabalhou enquanto ainda estava na Força Policial foi pela Manchester City Police Force, um departamento policial que existiu de 1842 a 1968 ao norte de seu país. Lá solucionou casos usando-se de uma metodologia ímpar e até revolucionária para a época, invejada por visionários, desdenhada por céticos e glorificada pelas vitimas que tinham seus casos por ela resolvidos. Era extremamente eficaz e sempre oferecia ótimos resultados. Sim! Ele usava a observação dos detalhes, exímio poder dedutivo e um vasto conhecimento forense como ponto de partida para considerações e continuidade nas investigações.

Jerome teve sua vida sediada em Manchester, mas não por isso se limitava às redondezas da cidade, e, portanto, sempre se encontrava envolvido em casos que o levavam para todos os lados do país. Gostava de como a imprensa nacional o retratava, relatando suas façanhas e divulgando-as amplamente. Dedicou a maior parte de sua carreira à Manchester City Police Force, embora mais tarde tenha passado a operar como um “detetive consultor”, tal como Holmes é retratado. Emergiu à proeminência em meados da década de 1880, pouco antes de Sherlock Holmes fazer sua estreia em A Study in Scarlet. Não demorou muito até que paralelos surgissem entre os dois.

A peculiaridade entre os casos e crimes fictícios e os reais não eram grandes, mas a forma, personalidade, metodologia e tudo mais que envolvia as duas figuras principais das notícias dos jornais da vida real e do livro levaram o publico a aderir mais e mais às histórias de Doyle.

As semelhanças entre o enredo da vida de ambos era tão proeminentes que Caminada, assim como Holmes, tinha fascínio por criminosas atraentes e inteligentes – no caso de Holmes, geralmente Irene Adler. Não apenas isso, mas ambos os investigadores enfrentavam arqui-inimigos: Holmes contra o professor James Moriarty; Caminada contra Bob Horridge – um criminoso de carreira – os dois professores de matemática que se viraram contra a lei.

Bob HorridgeBob Horridge

A dupla também tinha as seguintes peculiaridades afins:

  • Rondavam as ruas à noite em uma tentativa de capturar criminosos;
  • Investigavam à paisana em uma variedade de trajes elaborados e fantasiosos, classificando-os como mestres dos disfarces;
  • Tinham uma extensa rede de informantes. Fato claramente exposto na nova séria da ABC Sherlock, que retrata esse fato colocando mendigos e todo quanto é tipo de pessoa como um potencial integrante da rede de informantes de Holmes;
  • Possuidores de um conhecimento profundo da mente e métodos da subclasse criminosa;
  • Tornaram-se apaixonados por uma criminosa aparentemente bem-educada e extremamente inteligente;
  • Adquiriram um inimigo mortal e igualmente engenhoso contra o qual travaram um dramático confronto final.

Sherlock . Série Televisiva da ABCSherlock, série televisiva da BBC, atualmente em sua 3ª temporada

Caminada teve uma vida profissional como policial investigativo de causar inveja: foram 1.225 prisões frutos de perspicácia, inteligência e acuidade nos resultados. Talvez o caso mais similar às histórias de Holmes seja o “Mystery of the Four-Wheeled Cab”: O mistério da Carruagem/Táxi de 4 Rodas. Nesse caso o misterioso reside no fato de que dois homens entraram em uma carruagem usada como táxi, todavia ao chegarem ao destino final um deles estava morto e o outro não mais estava lá. O cocheiro não percebeu quando um deles saiu do veículo, e tão pouco a polícia conseguia pistas para apontar a causa da morte e o assassino em si. Um caso digno da consultoria de Sherlock Holmes. Ou seria melhor chamar por Caminada, já que ele existia na vida real?

No livro The Real Sherlock Holmes, da autora Angela Buckley, Caminada é exposto como sendo um fator decisivo, o pilar na formação do herói Sherlock Holmes, justificando e apontando o que para Doyle foi o alicerce principal de sua maior criação em vida.

The Real Sherlock Holmes
Caminada faleceu em 1914 aos 70 anos de idade. Causa mortis: uma fração de segundo mais lenta que o sacar da arma de seu arqui-inimigo. Se não bastasse uma vida gloriosa, morreu pelas mãos do criminoso que perseguiu por duas décadas, todavia ainda na tentativa de pará-lo.

Mesmo em sua ausência a lenda que foi em vida nunca esteve tão viva!

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