Os versos místicos de ‘Divagaísmo’

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Cláudio Furtado, em seu livro Divagaísmo, convida o leitor para divagar juntamente com ele pelo mundo das palavras

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Claudio Furtado, autor de ‘Divagaísmo’

Deuses, homens, fadas, rituais xamanicos, magia. Uma amalgama realizada por quem além da percepção do real tem contato, também, com o mundo místico, um mundo que vai além do material, além da compreensão do senso comum. Divagaísmo é um registro de sensibilidade, feito por alguém com uma percepção muito apurada, um verdadeiro sensitivo.

Cláudio Furtado, em seu primeiro livro, entrega ao leitor uma poesia cheia de misticismo, versos que são escritos com muita propriedade sobre o assunto, mas há o real em seus poemas, e ele é descrito de uma forma detalhada, fazendo com o que o leitor sinta o que o poeta sentiu na hora em que escrevia os versos.

 

Caminhando numa rua com muitas histórias

Passos suaves numa rua de terra

Com poucos tufos de vegetação rasteira

Muitos insetos emanavam vários sons

Da rasteira vegetação

Escassas casas, escassos habitantes

Uma enorme noite sem estrelas

A lua não brilhava naquela noite singular

O que apareceu não era desejado

Passos suaves numa rua com muitos sons

Muitos cães em fuga

Poucos tinham dedos supérfluos

Poucos foram correndo em sentido oposto

Passos suaves, numa rua com muitos insetos

[…]  (p.45)

 

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Divagaísmo (Editora Jaguatirica, 2016)

Furtado é um poeta observador, nunca alheio ao que acontece ao seu redor, conseguindo captar cada detalhe como: sons, luzes, sensações. Já seu contato com o místico provem da prática das ciências esotéricas, o poeta também é um entusiasta de assuntos ligados à espiritualidade e não utiliza tais assuntos apenas para preencher suas 188 páginas, pois estes assuntos são colocados com propriedade de quem vive em contato com o espiritual.

Há poemas, no decorrer do livro, que são verdadeiros cantos, mas cantos de celebração a vida, como o poema “Dia de Festa” (p.88), de celebração pós batalha em algum lugar do tempo.

É preciso divagar junto com o poeta, deixa-lo mostrar os caminhos insólitos da poesia, levar a lugares onde apenas as palavras podem chegar, levar a lugares onde “A única escuridão bela/ É a dos olhos fechados” (p.88), deixar Furtado mostrar seu mundo, afastando-se da realidade dos homens, para assim compreender sua poesia.

 

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