Admirável Mundo Novo – Aldous Huxley

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Admirável Mundo Novo – Aldous Huxley

Um dos grandes clássicos da literatura de ficção científica, Admirável Mundo Novo é um livro questionador, intrigante e filosófico

O autor, Aldous Huxley, nos propõe um futuro alternativo em que a civilização atingiu a estabilidade, e os anos são contados a partir de Ford, que considerado como um Deus. As pessoas não têm mais com o que se preocupar, pois foram condicionadas desde pequenas para sentirem-se satisfeitas. Ninguém pertence a ninguém. Não existem pais e mães, irmãos e primos ou tios e avós. Todas as crianças nascem em laboratório, já com as suas castas definidas. A velhice, não os afeta mais, como o seguinte trecho mostra:

Atualmente, tal é o progresso, os velhos trabalham, os velhos copulam, os velhos não têm um instante, um momento de ócio para furtar ao prazer, nem um minuto para se sentarem a pensar – ou se, alguma vez, por um acaso infeliz, um abismo de tempo se abrir na substância sólida de suas distrações, sempre haverá o soma… […] de onde, ao retornarem, se encontrarão na outra margem do abismo, em segurança na terra firme das distrações e do trabalho cotidiano, correndo de um cinema sensível a outro, de uma mulher pneumática a outra, de um campo de Golfe Electromagnético a… (pg. 99)

O soma, a que se refere a citação acima, é a droga “perfeita”, pois não tem nenhum contraefeito.

Os personagens começam a ser apresentados. Bernard Marx é um deles, que não se adapta à sua sociedade. Juntamente com ele, o publicitário Helmholtz é outro na mesma situação. Emm meio à política local, surgem outros personagens, como Lenina, uma mulher quase perfeita; o Diretor, que tem um final bem inusitado; e Mustafá Mond, vossa fordeza. Deixei por último Jonh, o selvagem; um personagem que dá seu brilho ao livro, citando Shakespeare e questionando todos os pontos daquela sociedade bizarramente perfeita.

– Eles leem Shakespeare? – perguntou o Selvagem quando, a caminho dos Laboratórios Bioquímicos, passavam diante da Biblioteca da Escola…
[…] – Nossa biblioteca – disse o Dr. Gaffney – contém somente obras de consulta. Se os nossos jovens precisarem de distrações, poderão encontrá-las no cinema sensível. Nós não os estimulamos a procurar qualquer tipo de diversão solitária.  (pg. 254)

Entre uma reviravolta e outra, a trama mescla uma linguagem científica e poética, questionando valores humanos e sociais.

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Deixo um trecho de um dos melhores diálogos do livro, entre Mustafa Mond e o Sr. Selvagem:

– Sem dúvida – aquiesceu o Administrador. – Mas esse é o preço que temos de pagar pela estabilidade. É preciso escolher entre a felicidade e aquilo que antigamente se chamava a grande arte. Nós sacrificamos a grande arte. Temos, em seu lugar, os filmes sensíveis e o órgão de perfumes. (pg. 337).

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