Se você se acha cult e não leu esses autores, você não é cult
Todas as épocas têm seus autores cultuados. No século XXI, no qual nichos surgem espontaneamente, não seria diferente com autores. Cada qual por seu motivo, no nosso tempo (2016), eles são cultuados por aqueles que creem estar além do senso comum – da mesma forma que quem conheceu uma banda indie antes de ela tocar no rádio (e normalmente são as mesmas pessoas).
No Brasil, há muitos autores para entrar na lista, porém selecionamos apenas cinco baseados em vendas, impacto cultural no momento e, obviamente, preferências pessoais.
Como cult, aqui, queremos dizer aqueles autores que de alguma forma criaram uma legião de leitores fiéis ao ponto de 1) criar lugares temáticos baseados na sua obra, 2) gerar citações infinitas – e duvidosas – nas redes sociais, 3) representativos de um grupo alternativo urbano.
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Charles Bukowski
The old buk morreu em 1994, no auge da sua carreira enquanto poeta, contista e romancista. Seu mundo de bebidas, mulheres e brigas mostra um outro lado do sonho americano na nada idealizada Los Angeles. Todos os temas da modernidade, dos beatniks aos intelectuais cult, estão nele. Sua visão sardônica do mundo atrai aqueles que se sentem fora do centro da sociedade e da chamada normalidade.
Carta de Bukowski sobre ter se tornado escritor em tempo integral
David Foster Wallace
Antes do seu suicídio em 2008, David Foster Wallace já era chamado de James Joyce do novo milênio. Obras longas – muito longas – e complexas como Graça Infinita não atraem todos os tipos de leitor. Aos que gostam de desafios e temas bizarros, Wallace é um prato cheio. Recheado de referências dos anos 1990 – ainda que narre o futuro -, o autor americano tem traços de nostalgia capazes de atrair leitores cult e recriar a infância de muitos.
5 profecias certeiras de Graça Infinita, de David Foster Wallace
Haruki Murakami
O boom das vendas de seus livros – romances, contos e livros sobre corrida – é algo sem precedentes. Todos os que se sentem solitários em grandes meios urbanos se sensibilizam com os personagens também solitários do autor japonês. Referências a jazz, rock (principalmente dos anos 1960 e 1970), literatura e cinema são ímãs poderosos a quem se considera cult no novo milênio.
Por que Murakami é tão legal de se ler?
Paulo Leminski
Ninguém sabe explicar o porquê o lançamento de Toda Poesia se tornou um fenômeno em 2013. O fato é que nunca antes na história da literatura brasileira um autor, falecido e até então restrito a pessoas do meio e bêbados ocasionais, foi acolhido por leitores que, geralmente, não são dados a ler poesia o adotassem. O fato de brincar com a linguagem – no momento em que a internet tornava o fato popular – e retomar temas de bebedeira – algo sempre popular – podem ser tomados como fatores que tornam Leminski amado pelos leitores mais exóticos.
Leminskanções: composições de Leminski interpretadas por Estrela Leminski
Roberto Bolaño
Um autor que escreve para outros autores, assim já foi definida a obra do autor chileno que morreu prematuramente em 2002. Seus livros são um sem-fim de referências a outras obras e à cultura em geral – filmes, quadrinhos, música etc. Esse sem-fim de referências, assim como em Murakami, o tornaram o queridinho de quem se considera cult. Sua fama póstuma e as lendas em torno da sua vida são um atrativo a mais para seus fãs.