Com quais livros podemos tentar explicar ou definir maternidade, e o que ela significa para nós?

Ser mãe é uma daquelas etapas opcionais da vida que não alcancei, e que provavelmente pretendo pular, mas de que não posso me manter longe: mães estão à volta de todos nós, afinal. Somos filhos de alguém, netos de avós que foram mães para as nossas mães; fomos acolhidos por figuras maternas, por amigas-que-foram-mães, por irmãs mais velhas, que nos criaram. E temos a literatura: mãe suprema de todos os escritores, com todas as mães literárias que fizeram parte da nossa formação cultural.
Uma mãe é, acima de tudo, uma mulher: ela também foi filha. Ela talvez seja esposa. Ela talvez tenha uma carreira, talvez tenha decidido largar tudo para cuidar de nós. Então como se presenteia uma mãe? Com quais livros podemos tentar explicar ou definir maternidade, e o que ela significa para nós?
Montei uma lista que de modo algum procura afirmar algo sobre mães. Mas são livros que falam delas, sob muitos aspectos; do peso, das alegrias, do que se abre mão, do que se celebra. Prestem atenção:
1) Cadê você, Bernadette?, de Maria Sample: uma filha tentando desvendar o enigma que é sua mãe, Bernadette Fox, uma arquiteta que desaparece misteriosamente, deixando pequenas pecinhas de si mesma para que a jovem Bee junte e tente encontrá-la.
2) A amiga genial, de Elena Ferrante: A série napolitana de Ferrante sacudiu o mundo, e merece todo o alarde. No primeiro volume, A amiga genial, acompanhamos a infância e adolescência de duas amigas vivendo na Nápoles do pós-guerra. Brilhantemente escrito, com verdades sobre o que significava ser mulher na metade do século passado, sem verniz, sem prosa púrpura.
3) Vida Querida, de Alice Munro: A contista e vencedora no Nobel tem tantos livros, e são todos excelentes recomendações. Fica o título de seu último lançamento. Os contos de Munro sempre tocam na ferida do feminino, seja no casamento, na maternidade, na vida solteira, na vida de menina. Presente valioso para qualquer mãe.
4) Todos os Contos, de Clarice Lispector: Benjamin Moser precisou revelar Clarice Lispector para o público estrangeiro antes que tivéssemos a ideia de lançar seus contos para o público brasileiro. Uma das grandes entidades femininas do panteão literário brasileiro, Clarice Lispector não precisa da minha defesa. Comprem.
5) Por Favor, Cuide da Mamãe, de Shin Kyung-Sook: Um livro tristíssimo, mas belo, sobre ser mãe e os sacrifícios que a posição nos impõe; uma mãe desaparece numa estação de metrô, e cabe a seus filhos e a seu marido contar sua história, o que ela nunca teve a oportunidade de fazer.
Já leu algum desses livros? Qual livro faltou na lista? Comente.