Além dos livros: a pintora Clarice Lispector

0

Você sabia que, além de escrever,  Clarice Lispector também pintava? Pois bem, conheça 10 telas da escritora!

Clarice_lispector_Credito_Madalena_Schwartz_Acervo-Moreira-Salles1

De modo geral, as obras literárias de Clarice são marcadas pelo cunho intimista e introspectivo, de modo que mantêm foco nos indivíduos e seus questionamentos a respeito da vida e suas vivências. Na literatura clariceana, os sentimentos, as sensações, os pensamentos, as ideias e os questionamentos dos personagens são expostos por meio do fluxo de consciência, através de uma linguagem não linear que quebra os enredos e estruturas tradicionais dos textos literários, pois é livre e até mesmo desordenada. Tudo isto não é novidade, muitos já sabem ou já ouviram falar dessas características das obras literárias de Clarice, mas o que poucos sabem mesmo sobre essa escritora é que ela também pintava.

Em relação a suas pinturas, Clarice chegou a questionar: “Quem sabe escrevo por não saber pintar?”. Ela considerava a pintura como uma forma de relaxamento, essencial para auxiliá-la em uma boa escrita. Ao longo de sua vida, pintou 22 quadros, sendo eles 19 sobre madeira, principalmente pinho-de-riga, e três sobre tela. Durante um período, inclusive, foi realizada uma exposição com 16 dessas telas no Instituto Moreira Salles, no Rio.

Segundo Ricardo Iannace, doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro Retratos em Clarice Lispector, as pinturas de Clarice possuem a chamada “estética do feio”. Em um evento realizado na Livraria Cultura, em São Paulo, na data em que Clarice faria 93 anos, o professor declarou:

O aspecto rudimentar alcançado pelo arranjo das formas e pelo material utilizado na composição dessas pinturas (cola e vela derretida, canetas esferográfica e hidrográfica, óleo e, até, esmalte de unha), a se projetar sobre o pinho-de-riga (tipo de madeira), a presença sugerida de um universo hostil, inóspito e impactante, em desenhos de difícil identificação com os paradigmas do mundo real, a descentralização da imagem e o inacabamento do desenho, tudo confere a esta produção pictórica de Clarice algo que poderíamos denominar de ‘estética do feio’.¹

Outro livro que trata das pinturas da escritora brasileira é de Carlos Mendes de Sousa, professor de literatura brasileira da Universidade do Minho, denominado Clarice Lispector – Pinturas. Nesse livro, o autor apresenta a existência de dois movimentos em relação as pinturas de Clarice: a fuga e a concentração e as linhas em desordem, mostradas por tensões frequentes em suas telas, como se a escritora-pintora estivesse em jogo de espelhamento, aproximando seus traços de pintura aos traços da escrita.

Ao que nos parece, após observar as telas de Clarice, elas também acompanham o transbordar do indivíduo presente em sua literatura. Confira algumas delas abaixo:

 

Escuridão e luz centro da vida (1975)
Escuridão e luz: centro da vida (1975)

 

cerebro adormecido, 1975
Cérebro adormecido (1975)

 

Explosão - 1975
Explosão (1975)

 

Luta Sangrenta pela Paz - 1975
Luta sangrenta pela paz (1975)

 

passaro_da_liberdade_1975
Pássaro da liberdade (1975)

 

sol da meia noite, 1975
O sol da meia-noite (1975)

 

Sem título - 1975
Sem título (1975)

 

Tentativa de ser alegre, 1975
Tentativa de ser alegre (1975)

 

Medo - 1975
Medo (1975)

 

Caos metamorfose sem sentido, 1975
Caos, metamorfose, sem sentido (1975)

 

¹Declaração exposta no texto Autor de ‘Retratos em Clarice Lispector’ diz que quadros da escritora imprimem “estética do feio”, de Carlos Soares Martin, no blog Adoro Arte.

Não há posts para exibir