A sublime beleza dos filmes desconhecidos – Amanda Pimenta

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Muitas pessoas podem achar que soa algo como “mamãe-quero-ser-cult”, mas a partir do momento em que você passa a entender a grandiosidade da beleza dos filmes que estão à margem do sucesso, passa a idolatrá-los. Isso porque todo o tipo de arte, principalmente a sétima, possui pessoas envolvidas. No caso de filmes, dezenas, centenas, talvez até mesmo milhares. Pessoas que se reúnem e dão o melhor de si para desenvolver essa bela expressão artística que são os longas e curtas metragens.

Dou o exemplo dos filmes europeus. Não só os que concorreram o Oscar como melhor filme estrangeiro, mas aqueles realmente “desconhecidos”. Sem muitos efeitos especiais gráficos, sonoros e maquiagens excêntricas, tais filmes se desdobram para conseguir ganhar o público com histórias bem contadas, personagens únicos e belas trilhas sonoras.

Recentemente descobri essa paixão. Não há nada como alugar, baixar ou conseguir um filme sobre o qual nunca ouviu falar, com nenhum ator nem diretor famoso. Primeiro, eu ficava insegura, com “o pé atrás”. Talvez seja por esse motivo que tais filmes conseguem sempre nos surpreender. A gente nunca sabe quais esquinas serão retratadas, quais serão as aparências dos personagens e quais serão suas histórias. É algo fantástico!

Então, antes de desligar a tv após os primeiros créditos e sair por aí desmerecendo o filme que acabou de assistir, pense um pouco além.  Tentar entender quais as sutis mensagens que a demonstração artística quer passar é essencial para uma análise crítica de qualquer tipo de arte.

Deixo aqui duas dicas de filmes europeus os quais, particularmente, eu me emocionei e me surpreendi com suas histórias e o modo como elas são retratadas.

– “Sim, mas…“: Certa vez, zapeando pela televisão, vi que estava prestes a começar esse filme, no Euro Chanel. Então, resolvi assistir. Com o nome original “Oui, mais…”, o título aborda o tema da análise transacional, um tipo de análise psicológica. O filme possui esse nome em referência à atitude de sempre negar uma solução que lhe oferecem.
affiche-oui-mais“Queria tanto ir ao cinema, mas tenho que estudar”.
– “A prova não é só na sexta-feira?”
– “Sim, mas é muita coisa”.
– “Eu posso te ajudar com os resumos”
– “Sim, mas você não sabe todo o assunto”.
– “Se quiser, eu leio com você e tomo a lição”.
– “Sim, mas vai ser complicado conciliar um horário”
A história em si é sobre Eglantine Laville, uma adolescente que, ao procurar um psicólogo para que realize análise periódica com sua mãe alcoólatra, acaba aceitando a sua própria análise proposta pelo psicólogo. A partir do momento em que adolescente começa a interagir com o terapeuta Erwann Moenner, o assunto flui de uma forma leve e construtiva, nos embalando em seus dramas e em seus aprendizados. O roteiro é simples, bem clichê até, daria uma boa Sessão da Tarde. As falas do terapeuta servem para refletir sobre nossas próprias atitudes.

Janis_et_John– “Janis e John“: Janis e John é um filme francês, de 2003. O filme retrata a história de Um corretor de seguros, Pablo, que, após receber uma proposta de cobertura total de seguro de um velho carro, cujo dono nunca o tira da garagem, resolve armar um esquema. Acreditando que não acontecerá nada com o veículo, ele embolsa o dinheiro pago pelo seguro. Mas o dono do carro, um senhor solitário, sofre um acidente com perda total. Pablo está numa enrascada. Como pagar 500 mil francos de prêmio? É quando ele sabe que Léon, um primo que não vê há muitos anos, recebeu uma herança milionária. Ele vai visitar o rapaz que está piradíssimo depois de ter tomado doce (ácido, LSD). Na viagem lisérgica ele encontra com John Lennon e Janis Joplin que prometem voltar um dia. Um filme extremamente divertido, com direito a uma apresentação linda da atriz Marie Trintignant dublando Kosmic Blues, da Janis.

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