Sabe aquela obra que de tão boa você se imagina dentro dela? Quase passa a ser uma personagem da história criada pelo autor, e que depois da idolatria à trama e a genialidade do autor você passa a se sentir coautor? Após a fase de coautoria você viaja e se vê produzindo aquela história. Os espaços e diálogos descritos na narrativa parecem que foram criados por seu cérebro. Dá a impressão que saíram de suas mãos aquelas letras e parágrafos tão bem arquitetados.
Nesse instante, a admiração toma um novo rumo: “Eu poderia ter escrito isso”.
Sim, a narrativa se torna tão próxima a sua experiência de vida que você pensa: “Obviamente, eu teria escrito esse livro”. Porém, no momento seguinte, você lê na capa o nome do autor e cai das nuvens sonhadoras e percebe que não foi você quem teve a brilhante ideia.
Por que não eu?
Nessa hora temos duas hipóteses formuladas que dão cabo da questão em si:
1º – Você sente admiração pela capacidade de escrita do autor;
2º – Você sente inveja daquela criatura que escreveu tal obra.
A primeira hipótese te deixa mais calmo. É legal admirar as pessoas. Esse sentimento é algo que nos impulsiona. Dá-nos força para lutar e, quem sabe, conquistar um espaço no meio literário.
A segunda opção deixa marcas negras em sua vida. Você se sente depressivo. Diminuído e incapaz.
Quem opta pela primeira alternativa até pode se tornar um bom ou ótimo autor, pois aprende com suas leituras. Quem opta pela segunda, mesmo com muito treino e/ou muitos cursos de produção escrita, jamais sairá da mesmice medíocre ao qual se encontra muita produção literária que encontramos por aí.
Afinal, quem admira, aprende com os seus ídolos. E o seu desejo é produzir algo de valor estético e literário. Já aquele que inveja não tem como meta a produção artística, mas visa apenas a fama.
Por fim, quem admira poderá vir a ser um ótimo escritor, já aquele que inveja poderá chegar a ser um “colocador de palavras no papel”.