Alice Munro, a surpreendente ganhadora do Nobel de Literatura 2013

Antes de mais nada, por mais que tivesse mencionado anteriormente minha torcida por Mia Couto, eu fiquei muito feliz de ver uma mulher sendo premiada com o Nobel. Fazia exatamente quatro anos que uma mulher não era a vencedora do prêmio (a última, foi a poetisa e romancista alemã Hert Müller). Agora, em 2013, a vencedora foi a canadense Alice Munro, que irá receber o valor de US$ 1,2 milhão. Além disso, desde Saul Bellow, americano radicado no Canadá, em 1976, que um escritor canadense não ganhava o Nobel de Literatura.

Não se sinta acanhado: eu também não a conhecia. E depois do anúncio do Nobel, junto com a alegria de ver o talento feminino reconhecido, fui pesquisar sobre a senhorinha canadense – com carinha de vó que conta histórias antes de dormir – que tinha entrado no hall de vencedores.

Alice Munro quando jovem
Alice Munro quando jovem

No anúncio oficial, Munro foi parabenizada por ser uma “mestra no conto contemporâneo”. A honra lhe foi atribuída por suas histórias “sensivelmente afinadas, caracterizadas pela clareza e realismo psicológico. Alguns críticos a consideram a Tchekov canadense”, segundo o site oficial do Prêmio.

Munro declarou-se “particularmente feliz que este prêmio vá deixar tantos canadenses felizes e vá trazer mais atenção para a produção literária do Canadá”. Além disso, disse à agência The Canadian Press, em Victoria: “Eu sabia que estava na disputa, sim, mas nunca pensei que venceria”.



Por si só, o fato de ela ser contista já a diferencia de muitos dos vencedores do prêmio: não raro, todos escreveram contos, poesia e também romances. Manter-se firme em um gênero curto como o conto já indica a tendência de manter sua subjetividade dentre um mundo inteiro de escritores do passado e do presente.

Buscando um pouco mais, encontrei um conto seu que permeia as listas dos maiores contos de todos os tempos. Fui lê-lo, é claro. Ao menos este, que estava presente em três listas diferentes, eu deveria ler para poder falar minha opinião a vocês com um mínimo de coerência e conhecimento.

Chamado, em inglês, Love of a Good Woman, o conto fala a história de uma mulher em uma vila da região rural do Canadá, que acredita ter encoberto um segredo que resolveria um crime horrível. A forma de contar de Munro nos leva a sentir o conflito como se cada um de nós fosse aquela mulher e vivesse, o tempo todo, na incerteza entre fazer ou não o que é moralmente adequado e exigido.

Para quem ficou curioso em ler a contista, no Brasil há livros dela pela Companhia das Letras – Fugitiva (2006), Felicidade demais (2010) e O amor de uma boa mulher (2013) e as reedições, que saem em dezembro, pela Globo do livro de contos Ódio, amizade, namoro, amor e casamento, publicado em 2004. Em 2014, sairá: Selected stories (1996), Runaway (2004) e The View of Castle Rock (2006), todos pelo selo Biblioteca Azul. 

E você? O que achou da vitória de Alice Munro? Já a conhece? Deixe seu comentário!



Cecilia Garcia Marcon
Mestranda em Sociologia da Educação, formada em Letras e Linguística pela Unicamp e pós-graduada em Jornalismo pela PUC-Campinas. Publicou um conto na antologia "Sentimentos à flor da pele". É professora, jornalista, escritora e realmente acredita que o poder das palavras é o único capaz de mudar o mundo. Ama o ofício, pois é viciada em adrenalina.
Cecilia Garcia Marcon
Mestranda em Sociologia da Educação, formada em Letras e Linguística pela Unicamp e pós-graduada em Jornalismo pela PUC-Campinas. Publicou um conto na antologia "Sentimentos à flor da pele". É professora, jornalista, escritora e realmente acredita que o poder das palavras é o único capaz de mudar o mundo. Ama o ofício, pois é viciada em adrenalina.
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