Alice Neel em “Brothers Karamazov”

Conheça as ilustrações feitas por Alice Neel sobre os Irmãos Karamazov no começo da carreira2778BCF8-0112-4D51-8C0A-81365818A212

Alice Neel morreu em 1984 e é lembrada por seus retratos, os quais por vezes retratavam amigos, amantes, e em outras vezes figuras mostrando uma realidade espantosa. A maioria dos retratos de Neel faz com que o público sinta-se penetrado, agitado, com medo e até mesmo um pouco divertido, dependendo de quanto tempo a pessoa disponibiliza a sua atenção sobre o tema. Todas as pessoas de Neel possuem uma visão decadente, de renúncia em vários aspectos da vida, sendo este o mundo no qual elas vivem e se sentem bem com isso. Ao jornal The Guardian em 2004, a filha de Alice fala um pouco sobre a obra de sua mãe:

 “Alice amava o desgraçado, o infeliz. Ela gostava do herói que havia no desgraçado e no desgraçado que havia no herói. Ela via isso tudo em nós, eu acho.”

Quando Alice não estava mais pintando se ocupou a esboçar seu livro, Alice Neel: Drawings and Watercolors, uma reunião de suas coleções, exibições e desenhos assustadores. Sobre tal livro Jeremy Lewison diz:

“Aqui esta a essência melancólica do trabalho de Neels. Ela apresenta um mundo de sofrimento, de cortiços e instalações de banho coletivas, de desfavorecidos e subclasses de imigrantes, de uma humanidade oprimida pelos encargos da vida no ambiente metropolitano, de perdas humanas e tragédias”.



Tudo isso faz com que ela seja uma candidata natural a contar com os clássicos russos, mestres da melancolia. Bem, alguém deve ter pensado assim alguma vez, e esse alguém estava certo. Nos anos 30 Neels fez uma série de ilustrações para a edição do The Brothers Karamazov, o qual nunca, aparentemente, lhe trouxe alguma realização. Não está claro se as editoras rejeitaram todo o seu trabalho ou apenas o projeto em questão, mas o fato é que ele não foi aceito. As oito ilustrações demonstram como essas duas sensibilidades estão conectadas: a tristeza e a escuridão. Compará-los a  William Sharp’s Brothers K illustrations  faz com que a diferença seja perceptível e imediata – a nuvem de tempestade negra sobre a caneta de Neels é bem adequada para as questões sobre Deus, razão e dúvida de Dostoyevsky.

Ela traz à tona a tristeza e a comédia, da mesma forma que as pessoas esquecem como Dostoyevsky pode ser divertido. Não Neel, ela traz um clima patético para as cenas, mesclando gravidade e leveza; em todos os espaços, olhos vidrados, grandes questões sobre a moral são reduzidas ao absurdo.

Alguns assistentes editoriais da Penguin Classics devem fazer com que uma edição de luxo dos Brothers K apareça com essas ilustrações postadas.

Texto original aqui.

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Untitled (The Death of Father Zossima), ca. 1938, 14 ¼” x 10”. © The Estate of Alice Neel. Courtesy David Zwirner, New York/London.

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Untitled (Grushenka and Mitya at the Drunken Party), ca. 1938, 14 ¼” x 10”. © The Estate of Alice Neel. Courtesy David Zwirner, New York/London.

 

 

 

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Untitled (The Doctor’s Visit to Ilyusha), ca. 1938, 14 ¼” x 10”. © The Estate of Alice Neel. Courtesy David Zwirner, New York/London

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Untitled (The Suicide of Smerdyakov), ca. 1938, 14 ¼” x 10”. © The Estate of Alice Neel. Courtesy David Zwirner, New York/London.


Júlia A.Tezza
Graduada em Letras, especializada na área de Teoria da Literatura e Produção de texto, acadêmica de Filosofia, viciada em filmes, seriados, artes e apreciadora do bom e velho rock n´roll. Mente complexa, sonhadora incessante que vive de literatura e acredita no amor sincero entre as pessoas.
Júlia A.Tezza
Graduada em Letras, especializada na área de Teoria da Literatura e Produção de texto, acadêmica de Filosofia, viciada em filmes, seriados, artes e apreciadora do bom e velho rock n´roll. Mente complexa, sonhadora incessante que vive de literatura e acredita no amor sincero entre as pessoas.
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