No imaginário popular, as bruxas são velhas, narigudas, encarquilhadas e associadas à maldade. Em geral se locomovem montadas em uma vassoura. São o oposto das fadas, boazinhas e protetoras. É assim que nos ensinam quando crianças. Não existem bruxas boas, nem fadas más.
Mas imaginem bruxas feias, porém boas, e fadas lindas, porém malvadas. Na infância nos parecia impossível tal inversão, mas depois vamos descobrindo que esses conceitos não são assim tão rigorosos.
As chamadas “bruxas” foram implacavelmente caçadas durante a Inquisição na Idade Média, e consta que era costume comparar o peso de uma bruxa a uma Bíblia gigante. Se a mulher fosse mais leve que o livro, era considerada bruxa, pois dizia-se na época que as bruxas adquiriam uma leveza sobrenatural. Para a igreja católica durante a Inquisição, em um tempo que as pessoas viviam amedrontadas, não foi difícil espalhar o terror e justificar a caça às bruxas. O motivo principal foi acabar com o paganismo, que reunia religiões pré-cristãs que embora proibidas, ainda eram praticadas aqui e ali. Possivelmente, o surgimento do estereótipo de bruxa está ligado ao culto à Grande Deusa Mãe do paganismo.
Na época, inquisidores e informantes eram muito bem pagos, o método da tortura para se obter confissões era largamente utilizado, e todos que testemunhassem contra uma pessoa supostamente herege , se a vítima fosse condenada, recebiam uma parte de suas propriedades e riquezas. Os acusados de bruxaria eram também responsabilizados por todas as catástrofes naturais, como secas e enchentes. É de se imaginar a carnificina.
A publicação em 1484 do Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas), orientava com ainda maior violência a caçada às bruxas, associando heresia e magia à feitiçaria.Nesses tempos obscuros de extremo preconceito, um tratado afirmava que as mulheres eram naturalmente propensas à feitiçaria, talvez por serem elas detentoras do poder da fertilidade e da sexualidade. Pesquisadores afirmam que cerca de 9 milhões de pessoas foram acusadas e mortas durante as perseguições, e o pior período foi o da Inquisição Espanhola, do século XV ao XIX.
Ilustração do Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas)
Na atualidade, por causa da maior tolerância entre as religiões, essas superstições foram amenizadas. Entretanto, o que se poderia chamar hoje de “novos bruxos”, os seguidores da Wicca, espécie de religião neopagã, que surgiu em meados do século XX e teve como pioneiro Gerald Gardner, ainda são vistos com desconfiança. Tanto que é dito, que entre eles, costuma-se falar por brincadeira em “não sair do armário de vassouras”. Preferem se manter anônimos. Afinal, mesmo nos tempos contemporâneos, não é assim tão improvável que fossem “queimados na fogueira”.
Na América do Norte, talvez o último episódio de pessoas executadas por bruxaria, tenha sido o triste caso das Bruxas de Salem, quando novamente crendices, levaram a julgamento várias pessoas no pequeno povoado de Salem em Massachusetts nos Estados Unidos, em outubro de 1692.
A literatura possui ótimas obras sobre o assunto. Segue uma lista de livros, tanto infanto-juvenis quanto adultos, para quem gosta de bruxas e bruxos.
Infantis
- As Memórias da Bruxa Onilda – E.Larreula e R.Capdevila
- As Férias da Bruxa Onilda – E.Larrreula e R.Capdevila
- Bruxa, Bruxa, venha à minha festa – Arden Druce
- Cacoete – Eva Furnari
- As cartas de Ronroroso – Hiawyn Oram e Sarah Warburton
- A Bruxa Salomé – Audrey Wood
- Manual Prático de Bruxaria em Onze Lições – Malcolm Bird
- O Manual da Bruxa para Cozinhar Crianças – Keith McGowan
- A Estranha Madame Mizu – Thierry Lenain
- Creuza em crise – Quatro Histórias de uma Bruxa Atrapalhada – Silvana Tavano
- A Bruxinha que Era Boa – Maria Clara Machado
- Os Contos de Grimm, v.2 – Maria Heloisa Penteado
Adultos
- As Brumas de Avalon – Marion Zimmer
- A Letra Escarlate – Nathaniel Hawthorne
- A Hora das Bruxas – Anne Rice
- O Livro Perdido das Bruxas de Salem – Katherine Howe
- A Descoberta das Bruxas – Deborah Harkness