As russas, o escrete literário russo e a Copa do Mundo

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Os grupos para a Copa do Mundo já estão definidos. E eu vou torcer pela Rússia. Quer dizer, depois da seleção brasileira, é claro, que tem tudo e mais um pouco para levantar pela sexta vez a taça. Vou torcer para Rússia chegar à final contra o Brasil e perder, é claro. O problema é que não acredito que a seleção russa vá longe, mesmo sendo molezinha seus adversários (Bélgica, Argélia e Coréia do Sul) na primeira fase. A Rússia até fez uma boa eliminatória, mas Copa do Mundo é Copa do Mundo.

E para falar a verdade torço pela seleção russa mais pelas russas que virão à Copa do que pela capacidade futebolística do escrete russo, do qual não conheço um jogador sequer. As russas são belíssimas. Loiras, altas, de pernas longas. Sharapovas e Kournikovas há uns montes. E todas são beberronas de vodka. Para suportar o calor, elas terão que recorrer a uma vestimenta condizente com o clima tropical tupiniquim.

Para elas, não haverá problema algum nisso, segundo o relato de um amigo comunista. Ele foi, recentemente, visitar a estátua de Stalin e garante que as russas andam com minissaias sumárias, caminham sobre saltos vertiginosos e usam tops cropped, que deixam a barriguinha à mostra, mesmo com aquele frio de fazer foca usar cachecol. Imaginem então aqui na parte debaixo do Equador? To pagando pra ver.

Se a seleção russa ainda tivesse o futurista Maiakóvski no gol (sempre achei que o Maiakóvski fosse nome de goleiro) nem Yashin, o lendário Aranha Negra, teria sido melhor. Os pioneiros Máximo Gorki, autor de A Confissão, Os Vagabundos e Tomas Gordeiev, e Púchkin, o maior dos poetas russos, dariam bons laterais. Boris Pasternak, de Doctor Zhivago, e Isaac Babel, fulgurante escritor revolucionário, seriam uns beques e tanto – sendo o último um daqueles zagueiros que se lançam ao ataque para surpreender o adversário.

Como na cabeça de área a seleção russa não poderia contar com o refinamento de Vladimir Nabokov, autor do polêmico “Lo-li-ta”, já que o escritor se naturalizou norte-americano, em seu lugar seria escalado o também genial Mikhail Lérmontov, um dos mais importantes representantes do romantismo na Literatura Russa. O experiente Ivan Turguêniev, de Pai e Filhos, e o singular e altamente enigmático, Gógol, completariam o meio-campo.

O primeiro dos três atacantes seria o autor de Guerra e paz e Anna Karenina, o monumental Tolstói, que faria a ligação entre o meio-campo e o ataque. Um pouco mais à frente, jogando pela direita, o mestre dos contos: Tchekhov. Com o seu estilo preciso e conciso, ele abriria caminho até o gol. E lá na frente, para castigar os adversários, estaria ele, o camisa 10, que dispensa apresentações: Fiódor Dostoiévski! Com uma seleção desta magnitude, aí sim a Rússia teria chances de vencer o mundial. Isso se o escrete literário russo for tão bom de bola quanto é com as letras.

Sorte mesmo tem o Brasil: aqui há as mulheres mais lindas do mundo, um futebol por ora somente pentacampeão mundial e uma literatura supimpa. Até o meu amigo comunista admite: cachaça não perde pra vodka. Que venham as russas!

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Tchekhóv e Tolstói “discutindo ações ofensivas da seleção russa”.

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