Avant, Manoel

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Sobre o falecimento do poeta Manoel de Barros, aos 97 anos.

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Este ano a morte foi cruel com a literatura brasileira e os seus leitores. Ariano Suassuna, Rubem Alves, João Ubaldo Ribeiro e agora o poeta Manoel de Barros foi quem nos deixou. Mentes e pessoas maravilhosas que partiram deste nosso mundo pequeno para sabe se lá uma outra existência. No entanto, não devemos ficarmos tristes por eles, pois aos poetas, a morte só cumpriu o que estava combinado.

E digo combinado porque no fundo os poetas e escritores sabem que vão morrer. Eles sabem que no final da vida, nós humanos, independente ou não do clímax da história, o desfecho acaba em morte. Sabem que a gente se desfaz. E é exatamente por isso que eles passam a vida se refazendo em palavras.

Esta é a condição primeira dos poetas e escritores. Refazer-se e reconstruir-se em palavras. Por isso não devemos nos entristecermos com a morte deles. Manoel foi mais um que, certamente, tendo plena consciência da efemeridade da vida, tratou de escrever e assim modificar o mundo ao seu redor.

Lembrando que a literatura caminha para além desta relação de vida e morte. Ela materializa a cultura de um determinado tempo. Produz soluções, críticas, inventa metáforas. Faz rir e chorar. Emociona e hipnotiza até ficarmos apaixonados por ela. Apaixonados pelas palavras. E é claro, também alivia a dor e as angústias dos poetas.

Por isso, eu digo novamente: não devemos ficarmos tristes pelos poetas. Quem perde com a morte deles é a literatura brasileira e nós. Eles cumpriram, de certa forma, seu “destino”, fazendo de suas palavras uma existência eterna, que ainda percorrerá muito o nosso mundo de leitores. Ou não, podem entrar no esquecimento.

O caminho na verdade começa agora. Então, Avant, Manoel! Que os leitores te esperam!

 

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