Jorge Luís Borges e o enigma da poesia

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A poesia não é alheia e está em toda parte, de acordo com escritor Jorge Luís Borges

O grande escritor e crítico literário Jorge Luís Borges expõe de modo bastante conciso e, ao mesmo tempo, poético o que ele pensa acerca da poesia, em seu texto denominado “O enigma da poesia”, presente no livro Esse ofício do verso (2000).

Para Borges, a poesia e linguagem são uma expressão. Além disso, ele acredita que a vida é feita de poesia, porque a poesia não é alheia, podendo saltar de nós a qualquer instante, ou seja, a poesia está solta por aí, resta-nos percebê-la e também lê-la.

Apoiando-se no poeta inglês Emerson, o autor também acredita que a biblioteca é um tipo de caverna mágica de mortos, os quais podem ser ressuscitados, trazidos de volta à vida quando abrimos as páginas dos livros. Borges defende que o livro é um conjunto de símbolos mortos que, ao aparecer um leitor certo, as palavras ou a poesia por trás das palavras saltam para a vida e, desse modo, há uma ressurreição das palavras.

O poeta declara que a poesia, para ele, não é mero meio de comunicação, mas também paixão e um prazer. Ao manter contato com a poesia, mesmo quando ainda não tinha entendido as palavras, sentia que algo acontecia com ele, não somente em relação ao seu intelecto, mas com todo seu ser, carne e sangue.

A primeira leitura de um poema, para Borges, é a verdadeira, porque depois disso nos iludimos acreditando que tanto a sensação quanto a impressão ao ler o poema se repete. O autor menciona que a poesia é uma experiência nova de casa vez, pois a cada leitura de um poema, uma experiência ocorre, uma nova experiência, e isto é poesia para ele.

Em seu texto, Jorge Luís Borges assume a postura de que tanto a beleza quanto a poesia estão por toda parte, pode nos chegar por um livro, um filme ou uma canção popular. E declara acreditar no fato que a linguagem está mudando, assim como os leitores também estão, pois nós, seres humanos, estamos sempre em constante mudança.

O poeta menciona rapidamente em seu texto a questão da crítica literária ao dizer que o fato de um poema ter sido escrito por um grande poeta ou não só importa para os historiadores da literatura. O que nos importa, parece dar a entender Borges, são apenas dois casos: o caso de o tempo degradar um poema, ou seja, quando as palavras perdem a sua beleza e também o caso no qual o tempo enriquece em vez de degradar um poema.

Jorge Luís Borges praticamente fecha seu texto discorrendo sobre a possível definição do que seja a poesia – é possível perceber que ele hesita um pouco em definir o que seja poesia de fato, por se tratar de uma tarefa difícil. Ele traz a definição de que a poesia é a expressão do belo por meio das palavras habilmente entretecidas, mas declara que essa definição pode ser boa para um dicionário ou manual, mas que sabemos que essa definição é frágil. O poeta diz que existe algo mais importante na poesia, não nominado por ele explicitamente, mas que nos encoraja a seguir adiante e não somente treinar a mão escrevendo poesia, mas desfrutá-la. E, por fim, fala-nos que não podemos definir poesia em outras palavras, tal como podemos definir o gosto ou o significado de outras coisas.

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