Reunimos seis autores clássicos da literatura policial para você saber qual é o maior culpado por este gênero
Existem poucos gêneros tão influentes hoje como este. A literatura policial, antes dita barata, influi tanto autores populares quanto outros mais densos (a palavra é ruim, mas você entendeu). Sua fonte de prazer e reflexão é quase inesgotável graças a sua mecânica interna. Fluida, divertida, tensa, emocionante, estes são alguns adjetivos que podemos atribuir-lhe.
Então por que não selecionar os melhores?
Criamos uma lista com seis nomes clássicos da literatura policial que todos deveriam ler antes de morrer. Antes, porém, alguns disclaimers:
– está é uma lista subjetiva que pode mudar conforme a pessoa (logo, se faltou alguém, compartilhe nos comentários);
– clássico aqui se define como autores base do gênero, logo Stephen King e Patricia Highsmith estão de fora;
– faremos indicações de algumas obras de cada autor(a) indicados que, como o primeiro tópico desse disclaimer, podem mudar, logo, deixe a sua indicação nos comentários também;
– divirta-se.
Veja também:
Quem é o assassino? (ou por que ainda lemos romances policiais)
Leia “Sombras na Place des Vosges”, leia Simenon
Por que “O talentoso Ripley” leria Raphael Montes
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Agatha Christie
O que esperar de alguém que tem as alcunhas de Rainha do Crime e Dama do Crime? Reconhecida pelo Guiness como a escritora mais vendida do mundo, seus clássicos da literatura policial recheiam estantes do mundo inteiro.
Suas histórias têm suspense, investigações, mas também uma boa dose de aventura. Dada a tramas complexas e cheias de reviravoltas, a Agatha Christie arrebatou uma legião de fãs pelo mundo inteiro. Seu detetive, Hercule Poirot, metódico e dedicado, é sinônimo de mistério e aventura.
Influenciada por autores que vão desde Jane Austin a Alexandre Dumas, a leitura de seus romances policiais são sempre prazerosas.
Visite o site oficial da autora
Leia: Assassinato no Expresso Oriente (1934), O assassino de Roger Ackoyd (1926), E não sobrou nenhum (1939), Morte no Nilo (1937)
Georges Simenon
O belga Georges Simenon provavelmente é o autor mais difícil de definir dentro dos clássicos da literatura policial. Suas narrativas são classificadas como roman dur (romances duros) devido a suas ambientações e abordagens.
Suas histórias, no geral, sempre têm duas características importantes: o interesse pela mente humana e o que leva um cidadão a cometer um crime. Seu empenho em compreender a vida das pessoas e suas contradições apresenta um painel mais sombrio e interessante que boa parte das histórias do gênero – que apenas focam a resolução do crime.
O comissário Maigret com seu cachimbo é um personagem à parte. Glutão, observador, calmo, não se parece muito com o que se espera de um investigador. Seu jeito pacífico e, por vezes, compreensivo com o criminoso, nos apresenta outra perspectiva para os clássicos da literatura policial.
7 motivos para ler “Gafierira de dois tostões”, de Simenon
Leia: O cão amarelo (1931), O amigo de infância de Maigret (1968), A louca de Maigret (1970), Os escrúpulos de Maigret (1958)
Edgar Allan Poe
Dentro todos os nomes desta lista, poucos precisam de pouca apresentação ou bem dizer nenhuma como Edgar Allan Poe. Ele não é apenas um grande nome dos clássicos da literatura policial, e sim a base de toda a moderna literatura policial. Poucos podem ser considerados criadores ou definidores de um gênero como Poe.
Auguste Dupain: desde a sua primeira aparição em Assassinatos na rua Morgue, o detetive marcou o que seria o gênero. Metódico, é o pai literário de tantos outros desta lista, de Sherlock Holmes a Hercule Poirot.
A grande contribuição de Edgar Allan Poe para a literatura policial é tão imensurável que uma breve tentativa de resumi-lo está fadada ao fracasso. Apenas leiam e aproveitem.
30:MIN #061 – Poe é pop?
Linha do tempo: Vida e morte de Edgar Allan Poe
Leia: Os assassinatos da rua Morgue (1841), A carta roubada (1844), O mistério de Marie Rogêt (1842)
Raymond Chandler
Há um antes de Philip Marlowe e um depois de Philip Marlowe. Com raras exceções, as histórias clássicas da literatura policial tinham, apesar do tema, um final positivo. O crime era solucionado, o culpado preso, os mortos esquecidos etc. Raymond Chandler e seu detetive vieram para mudar isto.
Nem tudo nessas tramas dão certo. O detetive nem sempre chega ao lugar certo na hora certa, ele bebe – e muito – e apanha um bocado. O mundo é muito mais ríspido e Marlowe não tem nada de heroico como Sherlock ou Poirot. As clássicas interpretações de Humphrey Bogart no cinema reforçaram ainda mais esta imagem.
Seus livros são clássicos da literatura policial, pois trouxeram à cena a figura do anti-herói para o gênero, bem como sua dubiedade.
Os dez mandamentos de Raymond Chandler para escrever um romance policial
Leia: O longo adeus (1953), O sono eterno (1939), Janela para a morte (1943), Adeus, minha adorada (1940)
Fyodor Dostoievsky
Você não leu errado, o nome acima é mesmo o de Fyodor Dostoievsky. Além de grande autor no que concerne a mente humana, seus valores e questões, o autor russo também é famoso por suas narrativas do gênero.
Crime e castigo segue o crime de Raskonikov e a perseguição da polícia atrás do assassino das duas senhoras. O idiota acompanha a trajetória do príncipe Michkin e suas perambulações atrás da verdade e do amor da sua vida, Nastássia Flippovna. Já em Os irmãos Karamázov vemos a vida e o relacionamento entre os três irmãos, principalmente depois do assassinato do pai deles.
Mesmo focando nos pontos filosóficos, Dostoievsky sempre será lembrado como um dos clássicos da literatura policial. O que o autor nos oferece, porém, é uma profundidade nunca antes pensada no gênero. A busca de um culpado pode revirar muito mais do que encontrar o assassino e a razão para tanto.
De onde Dostoiévski tirou as ideias para escrever ‘Os irmãos Karamazóv’
Leia: Os irmãos Karamázov (1879), Crime e Castigo (1866), O idiota (1869)
Arthur Conan Doyle
Com tramas cheias de lógica, Conan Doyle avançou no modelo de Edgar Allan Poe e abriu caminho para outros autores do gênero. Altamente racional, suas tramas são fortemente relacionadas com o momento histórico do boom das grandes descobertas científicas.
Com uma legião de fãs, ele é provavelmente o mais conhecido autor clássico da literatura policial junto a Sherlock Holmes. Uma tentativa de matar o grande personagem gerou tanta revolta nos leitores que o autor se viu obrigado e ressuscitá-lo, tamanha a fama e o carinho do público.
Assim como seu mestre, Poe, introduzir o nome de Arthur Conan Doyle em um breve perfil é um erro. Apenas o leiam e se divirtam.
30:MIN #162 – Agatha Christie versus Sir Arthur Conan Doyle
Leia: Um estudo em vermelho (1887). O cão de Bakersvilles (1902), O vale do medo (1915), O signo dos quatro (1890)