No dia 17 de abril de 2014, o mundo perdeu um de seus maiores escritores. Aos 87 anos, Gabriel García Márquez faleceu após ter sido internado com pneumonia e infecção respiratória na Cidade do México, onde vivia. Gabo vinha lutando com um câncer linfático desde 1999.
Chega a ser difícil mensurar o tamanho de sua importância para a literatura latino-americana. Ao ganhar o Nobel de Literatura, em 1982, a atribuição trouxe a seguinte justificativa: “pelos seus romances e contos, em que o fantástico e o real se combinam num mundo densamente composto pela imaginação, refletindo a vida e os conflitos de um continente”.
Através do realismo mágico, García Márquez criou um continente na literatura, ou melhor, representou-o em palavras como ninguém havia feito antes. Macondo, a cidade de Cem Anos de Solidão, consegue ser a América inteira, pois poderia estar em qualquer parte.
No entanto, para seus fãs, fica o sentimento de que nunca se esperaria que surgisse uma Crônica de uma morte anunciada deste imortal da literatura.
Alguns colaboradores do Homo Literatus falaram o que Gabo representa para eles:
Grandes escritores não morrem: se eternizam através de suas obras. Não, não perdemos Gabo. Ele continuará vivo, a cada leitura de Cem Anos de Solidão, O Amor nos Tempos do Cólera, Memórias de Minhas Putas Tristes… Seu realismo mágico, impregnado de sutileza e complexidade, ainda pode encantar muita gente, formar muitos leitores, inspirar muitos talentos. A literatura é maior do que o homem. Resta-nos, então, o seu rico legado.
Nicole Ayres
Mais do que Cem Anos de Solidão, é o estado emocional que ficará muitos de nós latino-americanos com a partida do grande escritor Prêmio Nobel de Literatura García Márquez, considerado um dos mais importantes escritores do século XX e um dos mais renomados autores latinos da história. Nosso orgulho de tê-lo como um de nossa gente, não é só pela publicação de seu romance mais famoso Cem anos de solidão, mas pela sua arte em geral, sua grande contribuição para humanidade.
“A vida não é a que a gente viveu e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la” (García Márquez).
Marcelo Vinicius
Quando li Crônica de uma morte anunciada, percebi/aceitei que toda morte é assim: anunciada. Afinal, faz parte da vida. No entanto, por mais comum ou fisiológica que seja, não sabemos lidar com a perda. Mesmo longe, mesmo sem a possibilidade de trocar uma palavra, Gabriel García Márquez estava ali e era uma das melhores formas literárias vivas. A nossa sorte é que suas obras continuam conosco, fazendo das nossas vidas algo mais útil, mais inspirador. Ou, na melhor das hipóteses, continuará nos ajudando a ignorar a vida e todas as outras banalidades que ela nos traz.
Priscila Yamany Medeiros
Me lembro como se fosse hoje, o primeiro contato que tive com o Gabriel García Márquez. Lá no início das minhas escritas, quando minha professora introduziu um projeto sobre a Língua Portuguesa. Na primeira página do meu caderno, que guardo até hoje, a seguinte frase do Gabo: “A vida não é a que a gente viveu, e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la.” De certa forma, esta frase me marcou muito naquela época, por ela nunca mais me esqueci do nome deste grande escritor, passando a conhecer melhor suas obras.
Luísa G. Ferreira
Garcia Márquez foi um literato dotado de uma inteligência vigorosa e única. Conectar a história de gerações diferentes de uma mesma família por meio de seus ressentimentos, tragédias e solidão com a trajetória política da América Latina não é trabalho fácil. Sem dúvidas, o escritor colombiano nos presenteou com uma bela síntese histórica desse continente tão assolado pelo culto ao perfil autoritário de governos militares, bem como pela hipertrofia que tanto caracteriza o poder nesse continente. Conforme afirmou o narrador nonagenário de Memórias de minhas putas tristes: “não há ancião que esqueça onde escondeu seu tesouro”. Resta, portanto, cuidarmos para que as preciosas lições de Márquez não sejam desprezadas.
Joachin Azevedo
***
Da minha parte, embora triste, sinto-me satisfeito. Apenas ressentido de não ter lido mais livros deste autor, mas pelos menos, posso resolver este problema. O legado que Gabo deixou para nós é como uma herança, pronta a ser desfrutada. Diria que a literatura dele é um lugar, não para ser visitado, mas para se viver.
Muitos anos depois, frente às palavras deste gênio, você e eu poderemos sempre lembrar de cada emoção que seus livros nos trouxeram.