A frase que dá título a coluna “DÊscontextualizando”, dessa semana, nada mais é do que o inicio de uma longa conversa que se iniciou numa festa de aniversário e perdurou quase que meia madrugada. No último domingo, fomos (minha família e eu) comemorar o aniversário de um garotinho muito lindo. A decoração da festa era do pequeno príncipe, diga-se de passagem, uma bela decoração, confeccionada pela mãe do aniversariante.
Na hora em que foram entregues as lembrancinhas, as quais eram dois dvd´s a escolha de cada convidado, sendo um o filme original do pequeno príncipe e o outro contendo episódios do desenho, que nós, quando crianças, assistimos nas manhãs do SBT, provavelmente tomando leite com biscoito. Sem titubear, meu marido escolheu o filme e disse: “O filme original, certamente, é cult!” Essa frase rendeu uma boa conversa. Afinal, o que seria “cult” pra ele, ou pra mim?
Segundo a Wikipédia, Cult ou clássico cult (português brasileiro) ou clássico de culto (português europeu) é a denominação dada aos produtos da cultura popular que possuam um grupo de fãs ávidos. Geralmente, algo cult continua a ter admiradores e consumidores mesmo após não estar mais em evidência, devido à produção interrompida ou cancelada. Muitas obras e franquias, inclusive, atingem status de cult depois que suas “vidas úteis” supostamente expiraram. Mas, ai eu pergunto, o que é “cult” pra uma pessoa, pode ser para outra pessoa também? Existe alguma lei que regulamente isso?
Concordo que o pequeno principe seja “cult”, afinal de contas, não há um ser humano na face da terra que não tenha se emocionado com a história do menino que cultiva uma flor solitário num planeta, vivendo histórias que nos faz pensar e refletir sobre viver. Mas, será que todo mundo considera essa obra “cult”? E se consideram, quem considera? Existem estudiosos que dedicam seu tempo a descobrir e garimpar outras obras “cults”? E você, qual obra considera “cult”? Já pararam pra pensar, que de repente, a boa literatura pode não cair nesse conceito?
As respostas para essas e muitas outras perguntas nos levaram a um debate que durou horas, e no fim, chegamos apenas a uma conclusão: Literatura se faz por interpretação, por gostos, por amores a primeira vista com a obra. Posso considerar uma obra “cult” por ela ter me marcado de alguma forma, ter mexido comigo enquanto pessoa. Mas, outros podem não pensar assim. Então, o que é “cult” pra mim, pode não ser “cult” pra outros. Depende do grau de interatividade e interpretação com a obra. Um grupo de pessoas, ou apenas uma pessoa pode transformar uma grande obra em nada, e vice-versa. Depende do quanto essa obra tocou as pessoas.
Resumindo, é difícil definir o que é “cult” e o que não é. É difícil saber exatamente o que considerar e o que não considerar. O que vale mesmo é seguir garimpando “cults” por ai e debater sempre, afinal de contas, melhor do que um bom romance é o debate que ele pode provocar!
Um fim de semana “cult” pra vocês!