Descontextualizando: HQ pra quê? – Desiree Perrone

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Sempre tem aquele ser que quando te pergunta se você lê alguma coisa, e você responde que sim, que lê HQ, torcem-se os narizes, e logo vem a crítica: Humf, HQ não se pode considerar leitura. Pois que, em qualquer curso em qualquer curso em que figure como pano de fundo a literatura, nua e crua em toda sua história, os professores e mestres nos frisam, inúmeras vezes ao longo do curso, que sim, histórias em quadrinhos podem ser consideradas literaturas, e mais, uma forma de literatura. Há quem torça o nariz. Sempre há! Mas, há quem torça o nariz pra clássicos, então não são parâmetros.

Nós, literatos natos, somos obrigados a defender os HQ´s com veemência. Pois, além de ser uma forma inusitada de escrita, chamam a atenção daqueles que ainda não possuem o hábito da leitura, mas que estão no caminho. Aliás, é um caminho. Lembro que quando criança, eu sempre perguntava a meu pai, se o livro que eu iria ler possuía desenhos. Tinha fotos dos personagens. Quando recebia uma história da turma da Mônica, devorava. A leitura fluía.

Em se tratando da linguagem utilizada nos HQ´s, costuma lembrar que, para crianças, é necessário que se utilize, do que chamo de literatura dirigida. Isto é, crianças soltas com livros nas mãos podem não saber conduzir corretamente a boa leitura. Por isso, é interessante que pais presentes se façam presentes e os conduzam. Por exemplo, nas histórias do Chico Bento, o personagem é um menino do interior, cuja fala se apropria a sua origem. Ou seja, pessoas do interior, usam trejeitos diferentes dos nossos. Às vezes, esses mesmos trejeitos, contém erros, os quais para as pessoas de lá, são comuns e normais.

Gabrielle adora a Monica e sua turma. Mas, hoje no mercado de HQ´s existem outras turmas para apreciação infantil. Por exemplo, as famosas Monster High. Cuja história gira em torno de uma escola dos filhos de monstros. Interessante até. Ali na turma, estão, entre tantas, a Dráculaura, filha do Drácula, a Frank, filha de Frankstein, e a Cléo, filha de Cléopatra, que não era um monstro, mas foi matriculada na escola, sabe-se lá com que pretexto. Esta forma de literatura, eu considero importante. Crianças, de cinco anos, como a minha, já possuem contato com a literatura. Não importa que não seja a clássica, mas é um caminho aberto para ela, e só isso já merece nossa consideração.

Por isso, meus queridos leitores, peço que olhem com outros olhos essas histórias, combinado?

Bom final de semana a todos!

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