Muitos leitores, quando compram um livro, fazem por indicação de um amigo, por conta de uma propaganda da mídia ou por obrigação escolar. Em cada uma dessas ocasiões, tem-se uma ideia, vaga que seja, do que ele irá encontrar no livro e, ao comprar a obra, o leitor já tem uma opinião boa da trama, senão, não iria se dar ao trabalho de adquirir a obra. Ou seja, compra o tal livro porque teve uma boa indicação. Já teve uma opinião sobre o que ele irá encontrar e, dessa forma, a compra é realizada com certo suspiro de alívio, como se pensasse na hora da compra: “Ah, vou me deliciar com a leitura. Afinal, o XXXX disse que o livro é bom!”.
Entretanto, além das indicações há a compra no escuro! Sim, aquela compra que você faz ali, de uma hora para outra, observou o livro, olhou a capa, deu uma lidinha rápida na contracapa, na sinopse do livro e como o vendedor já está olhando para o camarada com olhar de impaciência, a criatura leva logo o livro.
Pois em todas essas ocasiões o cidadão de bem não está livre de sofrer uma desilusão literária! Afinal, gosto não se discute. E não raro são os momentos aos quais a obra não condiz com a vitrine feita para a sua comercialização. Se a sugestão veio de um amigo, alguns são corajosos e reclamam, dizem que foi uma péssima indicação. Outras vezes, a coragem foge e não sabemos como dizer ao amigo que aquela compra foi um desastre! E o indivíduo apenas balbucia: “É… Foi legal”.
Quando a compra foi induzida por alguma propaganda da mídia, colocamos a culpa na tal globalização. Repreendemo-nos e repreendemos os canais midiáticos. Xingamos a nós mesmos e dizemos: “Viu só! Fui atrás da propaganda! Eles fazem isso só para vender essa droga! E eu caí como um patinho. Nunca mais!”.
No entanto, quando a compra foi obrigatória, por indicação da professora, aí quem leva a culpa é a docente. A megera ganha um chapéu de bruxa e predicados impublicáveis e o comprador da obra sai ileso: “Eu já sabia! Só podia ser uma obra ruim. Tudo culpa dela! Professores só mandam comprar porcaria que não é útil!”.
Entretanto, quando o camarada compra por vontade própria, porque gostou da capa, do título, das ilustrações, do tamanho da letra, ou seja lá o motivo ao qual o levou a ir até o caixa e pagar pelo objeto em questão e, essa leitura não traz nenhuma alegria ou prazer, ou seja, foi uma péssima leitura, a culpa é de quem? Ora, a culpa é do vendedor, é óbvio, afinal outrora ele havia lançado olhares acusadores ao pobre comprador de livros.
Afinal, de quem é a culpa pelas desilusões literárias que passamos pela nossa vida?