Uma boa pedida para quem gosta de ficção científica de boa qualidade. Eis uma bela obra brasileira no gênero.
Dois grandes gêneros literários estão ganhando espaço no Brasil de forma significativa: a ficção fantástica e a ficção científica. Com livros que representam muito bem a essência ficcional de qualidade, chegando ao posto da literatura estrangeira que é, de certa forma, mais bem colocada. Talvez pelo seu maior número de leitores, pois, muitas vezes, a literatura jovem brasileira é ignorada na prateleira e se vê em um beco sem saída, onde, a fama pré-concebida eleva ainda mais os livros estrangeiros, desprezando a produção nacional e criando uma falsa pirâmide de qualidade baseada em nacionalidade.
Dezoito de Escorpião é um romance de ficção científica que cativa pela sua narrativa leve, transparente; abrangendo desde de termos científicos complexos a questões sociais importantes. A forma com que o autor expõe o Brasil, um de seus principais palcos, restaura a visão do que existe de bom e precioso, o tradicional verde e amarelo. Com uma pitada de consciência ambiental sentida de acordo com a interpretação do leitor. Tudo isso vindo da visão de um estrangeiro, que ascende a nossa própria visão interna, contracenando dois pontos de vista.
A descoberta de uma estrela gêmea do Sol põe em risco o que é considerado como limite conhecido na Terra, dando forma a um antigo anseio humano: Estamos sós no universo?
A estrela, Dezoito de Escorpião, é intercalada com perspectivas místicas que se encaixam muito bem na mitologia literária do autor. Os personagens apresentados na primeira parte da trama, possuem uma condição médica denominada “hipersensibilidade eletromagnética” (HEM), que é confundida pela sociedade comum como algum tipo de distúrbio psíquico. Eles representam a realidade de muitos jovens que não possuem apoio moral em situações significativas como o bullying, se veem desprezados pelo grupo em que estão inseridos e que, muitas vezes, encontram “saídas” pouco viáveis e seguras.
Os HEM-positivos, como são chamados os portadores, são convidados em situações específicas de cada personagem para viver em uma comunidade secreta no meio da selva, denominada Muhipu. Lá vivem em meio a natureza, tribos indígenas e descobertas que podem mudar o rumo de suas vidas. Além disso, o escritor consegue levantar os pontos éticos envolvidos na descoberta de vida fora da Terra e a inserção de novas tecnologias no cotidiano humano.
Considerações Finais
A maneira didática do livro contribui para o melhor entendimento da ciência, além de despertar a curiosidade do leitor para este e outros assuntos, sejam sociais e ambientais. O próprio escritor, Alexey Dodsworth, propõe ao leitor uma pesquisa no Google sobre os tópicos reais levantados na história, que foram reconstruídos ficcionalmente para o desenvolvimento do romance. Aí vão algumas dicas de pesquisa que podem ajudar antes ou após a leitura:
– Estrelas gêmeas
– Hipersensibilidade eletromagnética
– Anomalia Magnética do Atlântico Sul
– Projeto ALEXA
Dezoito de Escorpião
Alexey Dodsworth
Novo Século(Selo-Talentos da Literatura Brasileira)