Os diários Secretos de Agatha Christie

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Descoberta e publicação dos diários de Agatha Christie revela o método e a vida de uma das maiores escritoras de romances policiais de todos os tempos

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Ao realizar qualquer pesquisa pela internet utilizando o nome de Agatha Christie você irá se deparar com a famosa descrição “A Rainha/Dama do Crime”. Uma das explicações para esse título está nos números. Segundo o Guiness Book,   Agatha Christie é a escritora mais bem sucedida da literatura popular, alcançando a marca de mais de dois bilhões de publicações vendidas entre o século passado e o atual.

O fato é que a romancista inglesa falecida há quase 40 anos ainda preenche boa parte das prateleiras de livrarias, sebos e bibliotecas com publicações do gênero policial, mesmo depois de quase meio século.

Um dos maiores exemplos de seu sucesso é o romance Ten Little Niggers,  publicado no Brasil com o título E não sobrou nenhum, mas popularmente conhecido como o Caso dos 10 negrinhos. Com mais de 100 milhões de cópias vendidas, é o romance policial mais vendido no mundo, figurando na lista dos livros mais vendidos da história.

Então em uma sexta-feira, 11 de novembro de 2005, o curador literário da Rainha do Crime, John Curran, descobriu, em dois quartos da casa onde viveu a autora, mais de 70 cadernos de anotações, contendo ideias, esboços e o próprio desenvolvimento das obras de Agatha Christie. O resultado dessa descoberta? Um livro de mais de 450 páginas, intitulado no Brasil como Os Diários Secretos de Agatha Christie, um verdadeiro banquete para aqueles que buscam entender como funciona a construção literária da escritora, com direito a sobremesa: dois contos inéditos de seu mais popular investigador, Hercule Peirot.

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Através dos diários analisados no livro é possível concluir algo quase óbvio: Agatha era uma escritora de produção em massa. Geralmente ela utilizava elementos do cotidiano misturados a um ou outro detalhe e, a partir desses pontos-chave, desenvolvia a trama. Em alguns dos diários expostos no livro de John são apresentados esquemas desenhados (a titulo de curiosidade: Agatha Christie desenhava muito mal) com os quais a autora guiava a história. Outra particularidade contida nas anotações eram as mudanças de roteiro. Em um momento um dos personagens de seus escritos era o criminoso, em outra data esse vilão era substituído.

Apesar do caráter quase documental do livro produzido por John Curran, há também uma análise biográfica da autora, pois apesar de relatar ter encontrado os manuscritos em desordem cronológica, o curador realiza a exposição dos diários a partir do primeiro romance da autora publicado na Inglaterra, O Misterioso Caso de Styles, assim a divulgação de novos cadernos e seus detalhes é acompanhada dos momentos pelos quais a autora estava passando na época das produções em análise.

Além dos diários, material bruto do livro, Curran também utiliza cartas enviadas e recebidas por Christie, com as quais o curador constrói as passagens biográficas da escritora.

Entre os cadernos exibidos por John há diversas revelações dos romances construídos por Agatha, inclusive na montagem do livro o autor separa os capítulos por cadernos, apresentando logo no começo de cada capitulo as “soluções” para os mistérios de cada um dos livros escritos pela autora e que foram rascunhados ou formulados no caderno exposto.

 

Referência:

CURRAN, John. Os diários secretos de Agatha Christie. São Paulo: Leya, 2010. 480p.

 

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