Divertida Mente: o poder de racionalizar emoções

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Divertida Mente: o poder de racionalizar emoções

A partir do filme Divertida Mente, comentamos sobre algumas emoções e seus efeitos nas pessoas, da felicidade ao medo.

Divertida Mente - Filme 2015 - AdoroCinema
Cartaz do filme

Emoções positivas e negativas

Apesar de as emoções serem instintivas, e o fato de não termos controle sobre a forma como elas se ativam no nosso corpo, podemos utilizá-las de forma construtiva. Isso vale mesmo para as emoções que supomos ser negativas, como a raiva, o medo, a tristeza e nojo.

Na verdade, emoções poderiam ser “gatilhos” de ação que já vêm dentro do nosso DNA, ou seja, coisas naturais que nós herdamos de nossos ancestrais. Esses “gatilhos” existem para nos ajudar a sobreviver e não nos atrapalhar. Mas para isso precisamos entender o que ativa cada um deles e como podemos utilizá-los positivamente.

A felicidade

Em Divertida Mente nós acompanhamos a Riley e suas emoções durante um período de transição em sua vida. A mudança de Minnesota para São Francisco, que para uma criança pode ser muito frustrante, ocasiona uma série de desconfortos que antes ela não havia sentido, como: estar numa cidade nova; fazer novas amizades; se apresentar para um público estranho; a ansiedade de ser aceita pelas pessoas e por um nicho específico, um grupo, assim como o seu time de Hockey, Os Passarinhos.

Durante essa jornada, percebemos que, em sua antiga cidade, Riley era muito feliz. Dessa forma, ela tenta ao máximo suprimir suas outras emoções.

Nesse caso, a emoção predominante é a felicidade. Isso é muito comum em crianças, pois  a felicidade é ativa, nos deixa animados, nos gera prazer. Por exemplo, quando comemos algo muito gostoso ou pulamos em uma cama elástica, nos sentimos livres, flutuando. Mas, em excesso, essa emoção faz com que fiquemos abobalhados, o que ainda é muito comum em crianças. No entanto, a partir da adolescência, que é o período de transição, isso pode dar a impressão de que somos imaturos e vulneráveis. Mas então como usar a felicidade a nosso favor e evitar essa armadilha?

A tristeza

Há também aqueles que fingem demonstrar felicidade para camuflar uma grande tristeza. Isso gera uma angústia da qual eles querem se distanciar.

No entanto, se distanciar do problema principal que nos deixa tristes pode causar um efeito dominó, criando novas lembranças tristes, e assim vamos ficando cada vez mais angustiados.

No caso da Riley, sua primeira memória base triste foi gerada por esse desconforto. Ela não sabia lidar com o fato de não conhecer ninguém, e, vendo seus pais sempre ocupados, não sabia a quem recorrer. A tristeza se torna uma bomba relógio quando estamos nos sentindo sozinhos. Precisamos falar com alguém sobre o problema, literalmente descarregar essa energia acumulada.

Pra que serve a felicidade?

Em um determinado momento do filme, a felicidade e a tristeza ainda estão perdidas, tentando voltar para a sala de controle. Riley resolve fazer um teste para o time de hockey da escola, mas sempre com muita raiva, pois aquele não era o time em que ela costumava jogar, e também com muito medo, pois não tinha como saber como os outros jogadores iriam julgar suas habilidades.

Podemos perceber que, sem a felicidade, nós não temos confiança. Consequentemente, perdemos o foco e ficamos sem ânimo. Assim, acabamos desistindo de nossas atividades, mesmo aquelas que gostamos muito de fazer.

Por que a raiva é algo positivo na dose certa?

Existem dois tipos de pessoas. Vamos chamar o primeiro tipo de “A” e o segundo de “B”. Elas reagem de maneira diferente se alguém diz para elas que irão fracassar em algo que estiverem realizando no momento, como por exemplo uma performance artística.

A pessoa “A” entraria em crise e quebraria emocionalmente. Provavelmente desistiria de seus sonhos. Já a “B” ficaria com tanta raiva que sairia correndo para provar para o mundo inteiro que ela é capaz de fazer qualquer coisa que se propôs a realizar.

A raiva também nos coloca em posição de ataque, enrijece nossos músculos para executarmos algum movimento com mais precisão. Isso teria ajudado a Riley a acertar o disco e fazer aquele gol.

Mas lembre-se que a raiva em excesso pode enrijecer tanto a ponto de causar tremedeira nos membros. Também é uma emoção que gera muita ansiedade: se a energia dela não for liberada rapidamente pode ocasionar descontrole emocional e, consequentemente, a perda da razão, fazendo com que tomemos atitudes impulsivas.

O medo é um dilema!

Por mais simples que possa parecer, o medo é o que nos mantém vivos. Como já disse no início, nossas emoções são os gatilhos de ações que nos ajudam a sobreviver, e o medo pode ser a mais primitiva delas.

Justamente porque o medo é um alerta para a presença de perigo.

É por medo de ser atacado por um leão que não vamos para a savana. Andamos na calçada para não sermos atropelados. Dormimos debaixo do cobertor até no calor para não ter o pé puxado por alguma assombração. Deixamos o estoque de papel higiênico bem próximo para ele não acabar na hora errada.

Há pessoas que são literalmente viciadas no medo. Essa emoção libera adrenalina na corrente sanguínea, o que impulsiona vários esportes radicais. Porém, aí mora um perigo.

Repetir várias vezes uma manobra de skate, por exemplo, nos faz perder o medo, o que em vários casos é a forma de tratar algum trauma. Mas o problema é quando a pessoa começa a fazer cada vez mais coisas perigosas. Tudo em excesso faz mal.

O perigo é quando o medo passa a ser uma fobia, que é o medo irracional, por exemplo, de palhaços. Uma coisa é avistar um leão faminto vindo em sua direção e sair correndo. É diferente de ver um homem fantasiado, fazendo um bichinho de bexiga e querer sair correndo. Nessa situação, podemos dizer que sua emoção medo está desregulada e precisa ser ajustada. Mas para isso apenas um profissional qualificado pode ajudar.

Créditos HL

O texto acima é de autoria de Dan Loctor. A revisão é de Evandro Konkel. A edição é de Nicole Ayres, Editora Assistente do Homo Literatus.

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