Dois Sonetos – Amanda Pimenta

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A colunista do Homo Literatus, Amanda Pimenta da Silva, aproveitou a Quinta da Poesia para deixar seus sonetos; leia e dê sua opinião:

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Ao meu Psiquiatra (ou o Soneto da Bipolaridade)-

Abstêmio cérebro, com seus humores
Afável num dia, n’outro, maldoso
Simpático encéfalo rancoroso
E que encerra todos os meus temores.

Quisera eu, todos meus dissabores
Enclausurar no Universo nervoso
Que jaz sob o meu cabelo sedoso
Encéfalo, cerebelo, tumores.

Mas os males dele provenientes
Não me deixam nem adormecer em paz
No frenesi, até chocalho os dentes…

Rogo por delirante sanidade
Pois trago junto bondade e maldade
Meu psiquiatra é Jesus e Satanás.

Ouro à Cova

Nefasto é, pois, o olhar do ser humano
Vivendo átimo, mentira, lenda.
E seu futuro de podridão horrenda
Que há de se perder no oceano.

As sinapses, pensamento insano,
Dão ao pútrido poeta a oferenda.
E quanto ao cadáver e sua fenda,
Perdem-se no plano cartesiano.

Beleza dúbia em diversos mosaicos.
Riquezas, poder… prazeres arcaicos.
Como levará teu ouro à cova?

Como tua carne, teu poder se esvai.
Átomos são átomos, Deus é Adonai.
Pois com a morte, vida se renova.

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