É um livro de Otávio Roth. Mas serve não só para ler ou para guardar na caixa da memória e ter na prateleira. Serve, principalmente, para lembrar a gente que existem coisinhas à-toa que deixam a gente feliz. Feliz feito bobo.
Muito tempo depois de conhecer a obra, assisti ao clássico O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. E entendi, agora em filme, os valores de coisas tão minúsculas. Desde a soma dessas duas obras, procuro fazer da minha vida um nanoexistir.
Segue o poema…
(mas segue mesmo, segue ouvindo porque é pura música… e pensando em cada verso, para sentir a felicidade de cada um)
(Otávio Roth)
Passarinho na janela,
pijama de flanela,
brigadeiro na panela.
Gato andando no telhado,
cheirinho de mato molhado,
disco antigo sem chiado.
Pão quentinho de manhã,
drops de hortelã,
grito do Tarzan.
Tirar a sorte no osso,
jogar pedrinha no poço,
um cachecol no pescoço.
Papagaio que conversa,
pisar em tapete persa,
eu te amo e vice-versa.
Vaga-lume aceso na mão,
dias quentes de verão,
descer pelo corrimão.
Almoço de domingo,
revoada de flamingo,
herói que fuma cachimbo.
Anãozinho de jardim,
lacinho de cetim,
terminar o livro assim.