Quando se pensa em literatura inglesa feita por mulheres, os nomes mais comuns são Jane Austen, Emily e Charlotte Brontë. Donas de livros conhecidos e elogiados, acabam ofuscando um nome igualmente merecedor de um lugar nos holofotes: Elizabeth Gaskell. Você, provavelmente, não a conhece. Mas seus livros são não só bem escritos e com enredo bem construído como também politizados. Ela conheceu Manchester, na Inglaterra, em meados do século 19 – o que a faz observadora da Revolução Industrial e seus efeitos no homem e na sociedade.
Para completar, era amiga de Charlotte Brontë e brigava frequentemente com Charles Dickens, pois os dois tinham temperamentos difíceis – Dickens chegou a afirmar que “agradecia por não ser o marido dela”.
Em sua obra mais “pop” (adaptada para a BBC e tal), Norte e Sul, ela conta a história dos Hale, que acabam por viver uma circunstância e mudando para Milton (cidade fictícia, mas claramente inspirada na Manchester que Gaskell viu). Antes moradora dos Hamptons bucólicos e gentis, a protagonista Margareth Hale se depara com a crueldade e incivilidade de um lugar em que a delicadeza é substituída pela firmeza ara conduzir os negócios.
A crueza da industrialização é personificada em John Thornton, o rude e inflexível dono de uma indústria têxtil. Além do conflito dicotômico entre os dois personagens, o plano de fundo inserido descreve com detalhes o que se entende por proletariado em seu surgimento e o quanto o lucro vem carregado da força vital das pessoas envolvidas no processo de fabricação e afastadas da produção.
Se você gosta de histórias com personagens tão bem pensados que quase se personificam ao seu lado enquanto você lê, de uma pitada (mesmo, pitadinha) de história de amor e é politizado, Gaskell é uma excelente pedida.