Encontro de mestres no meio do caminho

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João Gilberto se apresenta

Ontem, João Gilberto, o moço que inventou a batida da Bossa Nova,  completou 84 anos. Ele bem que poderia ter sido tirado de umas das obras do Cervantes. Seria um grande personagem de ficção se não habitasse o mundo real. Cheios de manias, o Joãozinho. Muitas delas estão descritas no Chega de Saudade, o livro em que o Ruy Casto conta o despontar da nossa Nouvelle Vague musical.

Carlos Drummond de Andrade era uma das paixões de João Gilberto. O músico vinha pela av. Rio Branco quando topou, na calçada do Jornal do Brasil, com o poeta, que trabalhava ali perto, no Ministério da Educação. Joãozinho, saudou-o: Mestre! Mestre! Drummond demorou a perceber que era com ele – nunca antes tinha visto aquele sujeito nem estava acostumado com o assédio.

Joãozinho continuou: Mestre… Mestre…. Ele estendeu para Drummond um envelope pardo. O poeta (mineiro de Itabira), ruborizado, deu o autógrafo e no pé enquanto João continuou seu caminho feliz da vida e sussurrando: Mestre… Mestre… Você imagina Drummond dando um autógrafo?  E se eu lhe disser que o João Gilberto perdeu em seguida o autógrafo do Drummond, você acreditaria?

Isso aconteceu em maio de 1958.

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