Olá, leitores! Há muito tempo eu tenho trazido para o debate o ato de ler. A importância da Literatura, mas hoje quero me dirigir a outro ponto: a escrita literária. Mais precisamente a minha escrita literária. Não sei quando ou como surgiu em mim a “inspiração” para ser uma escritora. Sei lá. Lembro-me de que, quando criança, eu conversava sozinha, sempre imaginava vários amiguinhos, talvez por ser filha única, talvez por ter uma mente que estava sempre em trabalho criativo, talvez por não gostar da realidade em que eu vivia, talvez… Talvez. O que de concreto eu sei é que tive uma professora na quarta série do Ensino Fundamental que pediu para que nós, os alunos, escrevêssemos um livro. Eu tinha 10 anos. E escrevi. Como aluna aplicada que era. Como dona de uma cabeça pensante e borbulhante que tinha… Eu, simplesmente, escrevi. Surgiu a primeira “inspiração”.
Já alguns anos mais tarde, eu com uns 12 ou 13 anos, mais ou menos, comecei a ler aqueles livros românticos (Júlia, Sabrina, Bianca) e, ao ler, meu senso crítico foi despertado e acreditava, naquela época, que eu também poderia escrever histórias açucaradas. E escrevi. Não sei se eram boas, não sei se eram péssimas. O que sei é que eu escrevia. Eis que a “inspiração” surgiu novamente. Escrevia na sala de aula, nos cadernos. Pegava aqueles cadernos já usados e que ainda tinham folhas em branco, parecidos com os que eu usava na escola e, apressava-me a terminar a tarefa da aula para poder pegar meu ‘caderno-livro’ e começar a escrever algo. Produzi vários livros naquela época. Escrevia e emprestava aos meus colegas de sala, rezando baixinho para que eu fosse aprovada como escritora. Foi nesta época em que perdi muitos ‘livros’ por mim escritos.
Depois veio um período de abstinência literária. Não queria ou não conseguia mais escrever. Mas passei a ler muito, talvez porque a quantidade de leituras obrigatórias da escola também tivesse aumentado. Foi a minha salvação. Aprendi muito com as tais leituras obrigatórias. Li desde os clássicos à HQ. A partir deste momento de despertar como leitora eu passei a ler de tudo: desde as leituras ditas péssimas ou ‘lixo’ até os autores mais consagrados. Lia e pensava: ainda voltarei a escrever. E foi o que aconteceu! A inspiração retornou na faculdade de Letras, mas escolhi escrever para o público infantil e juvenil. Escrevo também para os adultos, mas o meu ‘alvo’ são os jovens. Quem sabe esta escolha tenha a ver com o fato de eu ser professora de crianças e jovens?
Mas embora eu tenha citado aqui nesta coluna várias vezes a palavra inspiração, ela apenas me remete à vontade de escrever, de criar (isto é pessoal), pois não faço uma ligação entre meus textos com algo que viesse do além, que surgisse de repente, do nada. Não. Definitivamente, sou mais objetiva em minhas produções. Ao começar um livro, traço um caminho, penso no tema, no público, no momento em que a sociedade esteja passando, numa meta a ser alcançada, no que eu quero que meu leitor sinta com a leitura (ódio, amor, saudade, amizade, etc) e depois traço o corpo da minha história (início, meio e fim). Somente depois de finalizado este processo é que dou ao corpo a alma que ele merece: aí eu escrevo. Ah, e tudo num caderno pequeno, levado sempre comigo na bolsa. E quando a história termina, bem… Tento lê-la e me tornar o mais distante possível da pessoa escritora. Procuro ser uma leitora. Às vezes, leio o livro para meus alunos. Após este processo é que passo para a digitação, correção de erros, etc.
Se perguntarem para mim o que é inspiração? É a vontade, a urgência em escrever. Mas cada escritor tem o seu estilo. A história para mim surge de uma necessidade em falar sobre um assunto. A partir daí eu escrevo um texto com personagens, cenários, diálogos, ilustrações (poucas) que irão me auxiliar a “dar o meu recado”. Se sou boa escritora? Não sei responder. Obviamente sei que posso e tenho que melhorar e aprender muito, mas os livros que faço hoje em dia me dão prazer. Alegram muitos jovens e crianças e isto me basta neste momento. Os críticos? Ah… A melhor crítica para mim é ver o meu leitor dizendo que gostou do que leu. Se eu fosse depender dos “críticos” talvez eu jamais teria começado a escrever, pois quem iria ler um livro de uma menina tímida, que não era filha de famosos e nem tinha sido ‘descoberta’ pela mídia sensacionalista? Por fim, a minha inspiração me ajudou a ser escritora, ou uma eterna candidata a ser uma escritora!
Até a próxima quarta-feira.
Luz e Livros para vocês.