Quantos de nós em algum lugar do passado não tivemos um livro como companhia para a sua dor? Quem de nós em algum momento ao se sentir solitário e confuso olhou para um livro e pensou: ‘Eis a minha salvação’? Ou entrou em alguma biblioteca, melancólico, triste e por alguns instantes viu nos livros a alternativa para desafogar a sua dor? E então você me pergunta, mas esse papel não era da bebida? Sim, sim, sim… Bebemos para esquecer e para lembrar. Bebemos para nos afogar nas lembranças ou para sairmos da solidão.
Ah… Os livros bebidos e tomados. Livros molhados de lágrimas. Lágrimas de tristeza e solidão.
Livros que engolimos com afobação, afoitos por um esquecimento ou alguma solução. Livros engolidos, lentamente, com esperança de salvação. Livros: fonte do fim das nossas sedes. Sejam elas sede de amor, de vingança, solidão, paixão, raiva, dor, amargura, revolta, alegria, nostalgia, mas sempre fonte que saciam nossa vontade de beber palavras, frases, páginas, sonhos… Livros bebidos, vagarosamente. Como se as gotas em forma de letras pudessem não apenas saciar nossa sede de líquido, mas nossa sede de justiça.
Livros bebidos em diversos lugares: bares, lares, praças, ônibus, camas, sofás, almofadas, colos, morros, chão, escancarados ou escondidos. Livros bebidos para esquecer a solidão ou para nos esconder da multidão.
Livros que descem por nossas gargantas e molham nosso ser.
Livros bebidos que lavam o corpo e a alma.
Livros bebidos…
Livros aguados, marcantes, alucinantes, assustadores, livros que corrompem nosso corpo, corroem nossas veias, destroem nossos cérebros e nos fazem reféns de seu líquido sequestrador. A etapa seguinte é ser usuário sem volta do seu líquido precioso.
Livros bebidos.
Livros proibidos.
Livros lidos, tomados, degustados, apreciados.
Livros bebidos.
Qual é a sua “bebida” favorita?
Luz e livros a todos.