Morte à escrita!
Trago para vocês mais um depoimento, sobre minhas andanças Literárias. Um depoimento louco, triste, irrequieto, sofredor, e totalmente desapegado aos padrões da norma culta ao que diz respeito a Um depoimento de um escritor. Às favas com as normas cultas! O que eu quero é ‘jogar pra fora’ toda a minha verdade. Uma verdade nua, crua, sem azeite e sem vinagre. Só com pimenta!
Sabe quando você pensa, idealiza: serei uma escritora!?
Pois eu não apenas pensei ou idealizei, eu simplesmente, me fiz escritora por conta de minha vontade. Como assim?! Eu quis ser uma escritora. Como eu descobri que queria ser uma escritora? Lendo. Descobri ao ler os outros e me imaginei escrevendo da mesma forma ou ‘melhor’ (olha quanta pretensão a minha!) que outros escritores. A vida me levou a querer. Lia e imaginava: um dia vou escrever. Um dia vão “me ler” ou ler o que eu escrevo. E voltando à minha coluna Inspiração (19.03), as palavras não surgiram de uma fonte imaginária e inspiradora, mas de uma vontade real e um propósito firme em escrever. Portanto, eu quis ser escritora. Queria ver meus livros nas prateleiras das bibliotecas, nas livrarias, nas mãos de pessoas desconhecidas que, por lerem meus livros, tornavam-se próximas de mim. Meus livros fazem parte de mim. Minhas palavras são a extensão de minha alma, dos meus pensamentos, das minhas vontades, uma extensão de mim.
Queria… Queria.
E o sonho em ter um livro publicado surgiu.
Somente quem já quis muito alguma coisa e conseguiu realizar este querer sabe a alegria que senti ao ter em mãos a minha primeira obra pronta.
Porém, após o primeiro momento de euforia: O MEU LIVRO EM MINHAS MÃOS!!! EM BREVE, NAS SUAS, NAS RUAS, NA LUA! Vem a triste e dura realidade: Quem é Cláudia de Villar?
Início da Morte à escrita!
Quem é Cláudia de Villar?
Quem indica a leitura da obra da Cláudia de Villar? Quem lê? Quem recomenda? Quais livrarias aceitam comercializar? Quais pessoas, escritores, amigos, vizinhos, sei lá. Quem te recomenda para alguém? Os parentes e os melhores amigos. E assim eu comecei como escritora. É um mundo fechado. Um mundo dos já consagrados ESCRITORES. Sim, não sou uma Lygia Bojunga, uma Cecília Meireles ou Maria Clara Machado, mas eu quero ter o direito de ser lida como uma escritora principiante. Quero ter o direito de ser escritora!
Morte à escrita!
É neste instante que a escrita chora. Neste exato instante que a minha escrita delira, sofre, se revolta. Quero ter o direito de ser lida! Por que alguns condenam a minha escrita à morte! Por que alguns donos das verdades negam aos outros a chance de ler minhas obras (hoje já são cinco e em breve virá o sexto livro!)? Por que subtraem meus textos das mãos dos leitores? Por que algumas escolas, defensoras da criatividade, da solidariedade, do amor ao próximo, condenam meus livros à obscuridade, divulgando nas listas de leituras de seus alunos os sempre e mesmos autores? Nada contra os sempre e mesmos autores, mas cadê a solidariedade? Cadê a pluralidade cultural? Cadê a chance de os alunos conhecerem as minhas obras? Cadê a minha chance em ser lida? Condenam a minha escrita à morte!
Querem condenar a minha escrita à morte.
Só querem.
Só querem.
Por que sou mais insistente. Sou mais criativa, sou mais persistente. Sou mais eu. Sou mais eu!!!
Morte à escrita?
Bem capaz!
Morte à hipocrisia dos que pensam serem donos da escrita. Bobos eles. Não sabem que a escrita não morre. A palavra sucumbe às condenações. A palavra é eterna.
Morte à minha escrita? Não, jamais.
Vou lutar, vou lutar.
Sabe por que vou lutar?
Porque eu um dia quis ser uma escritora. E o que eu quero eu faço.
Vida longa à escrita!
Vida longa à minha escrita.
Vida longa… Vida longa!
Até o nosso próximo encontro.
Luz e livros a todos!