Época de Páscoa, momento em que as escolas debruçam-se diante de uma data comemorativa, planejando textos, filmes, exercícios, atividades, enfim, aulas inteiras voltadas para essa data. Mas qual é o lugar da Literatura Infantil nesse caso?
Sabendo-se que numa sociedade com uma multiplicidade de crenças e religiões, fica difícil encontrar algo que não seja defensor de uma ou outra religião ou crença. Porém, mesmo que exista alguma dificuldade, a Literatura não deve ficar de fora num momento desse. Sem falar, diretamente, em Religião, respeitando, dessa forma, todas as crenças, credos e sem deixar de lado o momento Páscoa, as escolas dever ter atenção ao escolher os livros que abordarão esse tema.
Cá entre nós, não dá para simplesmente fingir que essa data não exista, afinal, a mídia, com as suas apelações publicitárias, estão aí e, realmente, pintar coelhinhos e confeccionar as cestinhas faz parte do imaginário infantil e é muito triste isolar, em sala de aula, alguns alunos por causa da religião, que tem o sentido de religar, unir novamente. Portanto, se o momento é de união, por que nós professores iremos separar? Eis aí o trabalho – prévio – de leitura dos professores. A escolha da obra deve ser vista com cuidado e dedicação.
Se a Páscoa é renascer, por que não um livro que leve uma mensagem de união? Tudo bem, coelhos de chocolate é quase uma apelação, nada a ver com o sentido bíblico. Mas será que não tem jeito? Vamos pensar juntos naquilo que há nas entrelinhas. O ovo traz dentro de si a renovação da vida e o chocolate, a doçura das crianças. Portanto, já temos aí dois motivos para trabalharmos a Páscoa sem discutir, diretamente a Religião e falando de ovos e coelhinhos.
Agora, só falta a nossa amada Literatura!
Sendo assim, trago para vocês duas obras infantis que podem ser trabalhadas nessa época: Um Presente Especial, de Leila Pereira e ilustrada, maravilhosamente, por Patrícia Langlois e Páscoa no galinheiro, de Eduardo Bakr, ilustrada por Lúcia Hiratsuka.
A primeira obra inicia com um dilema: um coelho alérgico a chocolates, mas que queria, como toda a sua família, fazer o bem e levar alegria às crianças. Obra interessante pelo tema e acolhedora em seu desenrolar narrativo. Ao final, a mensagem de fraternidade e de solidariedade (que devem existir no ano inteiro) dá o desfecho ao livro.
A segunda obra traz para as crianças a história do ovo de galinha que queria ser igual ao ovo de Páscoa, pois para ele os ovos de Páscoa eram muito mais belos, com aqueles laços e fitas e traziam felicidade para as crianças, enquanto ele não. O final dessa trama infantil também traz uma mensagem da valorização do que há de melhor no interior das pessoas, desmistificando aquela história de que somente o belo é que é o melhor. Uma mensagem de renovação, sobre o milagre da vida.
Agora é com vocês. Aí estão duas obras infantis que trabalham com coelhos, páscoa e chocolate, sendo de fácil aceitação e que traz mensagens de solidariedade e amor, sem falar, diretamente, em Religião. Dessa forma, agrega todos os alunos, sem discriminar ninguém. Dois livros para trabalharmos não apenas na Páscoa, mas durante o ano inteiro. Tal fato faz com que essas duas obras ganhem o título de obras literárias, pois não se esgotam num período apenas, são atemporais, eternas enquanto houver a necessidade em se tratar do tema solidariedade.
Vale a pena ler e conferir. Eu recomendo.
Luz e livros a todos.