O jornalista Luiz Otávio Alvarenga, idealizador da editora Solo, acredita que o livro impresso ainda tem um longo caminho pela frente

Luiz Otávio Alvarenga trabalhou há 15 anos como jornalista, passando por veículos de comunicação de destaque do país, como a extinta Rádio JB AM, Jornal dos Sports, Tribuna da Imprensa, Revista Manchete, entre outros. Com a experiência na Ediouro, no final dos anos 90, surgira-lhe o desejo de abrir sua própria editora de livros. Porém, migrando das redações cariocas para a docência universitária, onde fora professor de Comunicação e coordenador da Agência Experimental de jornalismo, responsável pelos jornais publicados na extinta Universidade Gama Filho (UGF), o jornalista precisou dar intervalo no projeto por alguns anos.
Passado mais de uma década, o sonho de Luiz Otávio, por fim, se concretiza em 2015, onde os desafios do mercado editorial brasileiro são outros, entre os quais entram em confluência o advento do mundo digital e a atual crise financeira do país. Mas o jornalista e diretor da editora Solo é otimista, apostando em qualidade e inovação.
Em abril deste ano, a editora carioca estreia com o inédito A Verdade Nunca Morre, de William C. Chasey. Nele, o autor norte-americano relata a perseguição que sofrera do governo americano por ter se recusado a colaborar com a CIA, a fim de assassinar dois agentes líbios. Chasey foi um dos lobistas mais influentes e respeitados de Washington. Trabalhou para clientes privados e governos estrangeiros, além de ter sido contratado para normalizar as relações entre os EUA e a Líbia.
Em entrevista exclusiva para o Homo Literatus, o jornalista e editor-chefe Luiz Otávio Alvarenga fala um pouco sobre o planejamento editorial da Solo, o papel do livro impresso na era digital e os desafios de se abrir uma nova editora no país.
H.L.: Pode falar um pouco sobre a ideia de criar a Editora Solo?
L.O.: A editora é um projeto pessoal antigo. Mas ela só foi criada de fato em 1998. Três anos depois, quando comecei a lecionar, decidi desativá-la. Não havia como conciliar a gestão da editora com a docência. Ano passado, achei que era a hora de reativá-la, agora definitivamente.
H.L.: Qual será a proposta inicial deste novo projeto e o planejamento editorial de seu catálogo?
L.O.: A Editora Solo não tem uma linha editorial claramente definida. No curto prazo nosso foco são romances, memórias e livros-reportagem. Mas, mais à frente, pretendemos publicar também livros nas áreas de ciências humanas e sociais. Na verdade, o que queremos dizer com “boa literatura e boas histórias, reais ou não, são a nossa linha editorial, independentemente de gênero e origem”, é que vamos procurar sempre privilegiar conteúdos relevantes e de qualidade. Por enquanto vamos investir só em traduções.
H.L.: Como o senhor visualiza a questão do livro nos dias de hoje, em que o ambiente digital tem se tornado cada vez mais parte da vida social das pessoas? Como pensar no produto livro hoje dentro do mercado editorial brasileiro?
L.O.: Não são produtos conflitantes, mas complementares. O livro impresso ainda tem um longo caminho pela frente e é — e acredito que continuará sendo por muito tempo ainda — a principal fonte de receita das editoras.
H.L.: A Editora Solo inicia seus trabalhos com a publicação de A Verdade Nunca Morre, do autor norte-americano William C. Chasey. Como foi trazer a obra inédita de Chasey para o Brasil? Como tem sido feito a seleção dos livros?
L.O.: Foi uma negociação relativamente simples, graças à compreensão e à cooperação de sua agente literária nos EUA, Sylvia Hayse. O trabalho de seleção de livros tem sido intenso, mas muitas vezes ingrato. Nem sempre conseguimos o que queremos. Ou porque os direitos já foram adquiridos por outras editoras brasileiras ou custam mais do que podemos pagar agora.
H.L.: Em termos de produção nacional, o que podemos esperar para os próximos meses?
L.O.: Temos um projeto de livro-reportagem, mas nada concreto por enquanto.
H.L: Escritores ainda não publicados terão chances na Editora Solo? Como será feito esse processo? L.O.: Como já dissemos, nossa estratégia inicial é investir em traduções. Com o tempo pretendemos também investir em novos autores, claro. Mas não temos como precisar quando.
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