Erotismo e cinema ou a libertação sexual na novela ‘Sexploitation’

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Sexo liberado: como uma mulher se sai ao dirigir um filme pornô? Em Sexploitation, conhecemos a resposta.

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Imagem do Facebook do autor

 

Foi ao “zapear” pelas publicações independentes da Amazon, que me deparei com esta novela de título estranho, Sexploitation. Ou pelo menos, estranho para uma obra literária – posto que a expressão faz referência aos filmes exploitation das décadas de 70 e 80 com forte apelo sexual.

Até onde uma mulher pode sentir prazer e como isso a caracteriza? Ou ainda, como ela pode fazer desta sexualidade uma espécie de protagonismo? Antes de voltar a estas perguntas, falemos um pouco do enredo.

Sexploitation, de Vlad Reich, conta a história de Dafne Violeta, diretora de teatro de meia idade, que após a perda de sua amante-amiga se entrega a uma vida de sexo e prazer. Mas em determinada ocasião, recebe a ligação do secretário de cultura da cidade, pedindo para marcar uma reunião. Na prefeitura, o prefeito e o secretário explicam a ela a ideia de montar uma peça de teatro que divulgue a cidade. Dafne ri na cara deles, dizendo que atingiriam pouca gente dessa forma. É então que sugere a produção de um filme, sendo ela mesma a diretora. O prefeito fica responsável por conseguir um patrocinador. Neste ponto, a história se complica, pois o sujeito que aparece para patrocinar a produção é um homem misterioso, que só permite que Dafne seja levada encapuzada para encontrá-lo. Nunca conversa de frente com ela, apenas de costas. Apesar disso, ela consegue a grana para o filme, mediante a adequação do roteiro a “certas ideias alemães”. Na verdade, um neonazismo enrustido. Dafne e este produtor esquisito travam um verdadeiro duelo – através dos diálogos rápidos que caracterizam o estilo narrativo –, mas a diretora cede. E quem quiser conhecer as consequências terá que ler a novela.

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A capa de Sexploitation (Bubis, 2015) parece fazer referência às histórias pulp

Antes de falar da sexualidade na história, observemos alguns dos personagens periféricos. Sexploitation avança para a produção do filme e como Dafne Violeta vai montando sua equipe. Pede ajuda de um amigo jornalista para escrever o roteiro, mas este indica o escritor da cidade, um sujeito gordo, bonachão e que funciona como alívio cômico na história. Um dos momentos altos da novela é o capítulo em que Dafne e o roteirista assistem ao teste de elenco, no qual desfilam uma série de atrizes pornôs, cada uma com seus charmes e manias especificas. E a última personagem a se destacar é a filha do prefeito, Augusta Funke, e a forma como vai se iniciando sexualmente, mas também assumindo uma identidade própria.

No roteiro escrito a partir de ideias de Dafne, o escritor cria uma espécie de “Fausto pós-moderno”, uma referência interessante. Aliás, um dos melhores diálogos da novela é a discussão entre a diretora e o roteirista, sobre se Ninfomaníaca, de Lars Von Trier, é um filme pornô ou erótico.

 

Sobre a questão sexual

Penso que a escolha de uma protagonista mulher, forte e determinada, é a base para a ideia sexual da novela. Apesar de analisar do ponto de vista de um homem, acredito que o autor conseguiu criar uma personagem em que os leitores irão se projetar, ou procurar nela características que gostariam de ver em si mesmos. Dafne não precisa de um motivo especial para transar. Trepa com quem dá na telha, sem culpa, sem medo, sem reprimendas. Talvez mais interessante do que isso é a postura do narrador, tão próximo à personagem que, em nenhum momento, vemos ele julgando as ações dela. Somente narra e deixa que o leitor faça seus julgamentos morais.

Agora largando um pouco o monóculo e sem fugir ao trocadilho, dá prazer ler as cenas de sexo do livro. Para quem gosta “daquilo”, mais que recomendo.

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