Posição política de escritores: quem são os “coxinhas” e os “esquerdas caviar” dentro da literatura?
Ainda no embalo das últimas eleições, em que o posicionamento político dos eleitores ficou em evidência e por vezes os ânimos se acirraram, aqui está uma pequena lista de grandes escritores e seus alinhamentos políticos.
Muitos escritores deixam claro suas predileções, outros preferem um discurso que se equilibra em cima do muro, e tem aqueles que se valem do direito ao voto secreto e de modo algum se manifestam. Quem seriam/são os “coxinhas” e os “esquerdas caviar” dentro da literatura?
Direita política:
Machado de Assis – Era de direita. Primeiramente, porque sua obra literária não era engajada, tratava dos sentimentos humanos, mas não da exploração, da miséria, muito menos se lembrava da luta de classes. Ainda que fosse mulato, Machado não lutou pela abolição da escravatura. Trabalhava para o governo imperialista, no qual exercia um alto cargo e não fazia oposição.
Mario Vargas Llosa – É um declarado liberal de direita. O peruano, em 1990, chegou a ser candidato à presidência do seu país, mas foi derrotado por Alberto Fujimori.
A bem da verdade, Vargas Llosa já esteve do outro lado e nem sempre combateu as políticas de esquerda. Foi um grande simpatizante de Fidel Castro, com quem rompeu após se decepcionar com o regime imposto a Cuba, que chama até hoje de ditatorial.
Jorge Luis Borges – Era um profundo admirador dos militares em sua luta pela independência e liberdade argentinas, era filiado ao Partido Conservador porque “somente os ilustres defendem causas perdidas”. Borges era politicamente alinhado com a direita e combatia o nacionalismo em nome da democracia burguesa.
Esquerda política:
Lima Barreto – Era um contestador, um escritor que utilizava a sátira e a ironia para fazer ataques demolidores contra o estabelecimento. Além disso, era um nacionalista ferrenho, tanto que fundou uma liga contra o futebol para bombardear o que ele considerava um esporte dos colonialistas ingleses.
Mario Benedetti – Acima de tudo, foi um intelectual empenhado com as massas de toda a América Latina, ainda que nunca tenha se tornado uma liderança de fato. Em 1984, travou um grande debate com o escritor peruano Mário Vargas Llosa no jornal El País. Atacado por apoiar a Revolução Sandinista na Nicarágua, Benedetti respondeu com a dignidade e a contundência de quem não arreda pé de suas convicções. Acabou demitido do jornal, que era de direita.
Gabriel García Márquez – Foi obrigado a se exilar no México nos anos 60 por ser acusado de colaborar com a guerrilha colombiana e por ser um simpatizante de movimentos revolucionários pela América Latina. Militante da esquerda, chegou a dizer que só publicaria nova obra quando a ditadura chilena caísse. Ao ser perguntado sobre sua vocação política, ele diz que talvez se interessasse menos pelo assunto em um lugar com menos problemas que a América Latina. Segundo Gabo, as circunstâncias o fizeram se tornar “um político de emergência”.
É possível se desapontar (de acordo com o gosto do freguês) com a preferência política de alguns desses escritores, no entanto é inegável a genialidade de todos eles quando nos referimos à obra literária produzida por cada um deles.
Enfim, entre esquerda e direta, reacionários e revolucionários, “coxinhas” e “esquerda caviar” a literatura está a salvo… ou não?