Em Assim Falou Zaratustra, Friedrich Nietzsche trata de temas caros ao século XX, principalmente ao existencialismo.
O ser humano se diz inteligente, capaz de refletir sobre inúmeras questões, achar soluções práticas, descobrir novos meios para sua própria evolução e melhorar o meio onde vive. Da mesma forma é capaz de destruir tudo aquilo o que construiu e o que já estava presente antes de sua chegada. Irônico, não? Bem, como humanos que somos sempre estamos em busca das respostas para nossas perguntas interiores, esperançosos por um milagre ou algo que seja embasado em aspectos concretos. Não somos a primeira geração a fazer isso, tais questões existenciais sempre estiveram presentes e, de certa forma, angustiando praticamente todas as civilizações até hoje. Nietszche sabia bem sobre essas angústias, tanto observava a conduta humana perante tais questões que entre tantas obras magníficas escreveu seus pensamentos no belíssimo Assim Falou Zaratustra. Logo aviso que esta obra não é indicada àqueles que possuem seus pensamentos fechados, suas mentes influenciadas por dogmas, suas ações pautadas em uma única linha de raciocínio e um completo repúdio a tudo o que vai contra suas opiniões. Digo isso porque neste livro tu serás testado, tudo aquilo no que acreditas fielmente será posto em jogo e certamente irás perceber o quão inocente tens sido durante todos estes anos de tua vida. Mas insisto em dizer, se não és capaz de se abrir para novas experiências, questionamentos e opiniões este livro nada te acrescentará. Porém se fores o contrário, meu amigo, prepare-se para se sentir tão perturbado com certas verdades desmoronando bem a sua frente.
É isso que o sábio Zaratustra quer fazer para seu leitor, bem como com todos os seus seguidores ao longo de sua jornada. O que é realmente a verdade? O que faz um homem ser bom ou mau? Até onde todos os ensinamentos passados durantes séculos sobre respeito, sobre amor e amizade são realmente verdadeiros? O sábio caminhante passa seus ensinamentos durante todo o seu caminho a todos aqueles que querem lhe ouvir, ou aos que, desesperados, o procuram como um guru.
Sobre o medo de envelhecer Zaratustra falou:
“Em alguns, envelhece primeiramente o coração, em outros, o espírito. E alguns são grisalhos desde a sua juventude, mas quem tardiamente se torna jovem por mais tempo permanece jovem.” (p.84)
Quantos medos mais cabem dentro de um ser humano? Complexo, eu sei, mas creio ser parcialmente saudável questionarmo-nos frequentemente. Veja, parcialmente pelo singular fato de se tornar um vício, porém como ser capaz de viver em uma sociedade e nada criticar? Seria irônico! Tal pensamento é o que Zaratustra tenta despertar em todos os seus seguidores ou meros conhecidos. Consequentemente a tristeza perante tantos fatos não esclarecidos pode se tornar natural, afinal ninguém gosta de ter inúmeras perguntas sem respostas durante sua vida toda. Mas com a vivência de cada um, com suas experiências, seus fracassos e sua maturidade muitas situações tendem a melhorar, basta talvez mudar o ângulo. Melhor estar ciente dos problemas do mundo e ter uma nova postura do que passar a vida sendo enganado sempre. E lembrem-se:
“Mas é melhor estar doido de alegria do que de tristeza, é melhor dançar pesadamente do que andar claudicando. Aprendei, pois, comigo, a sabedoria: até a pior das coisas tem dois lados bons, até as pior das coisas tem duas boas pernas para dançar; aprendei, pois, vós homens superiores, a firmar-vos sobre as pernas.” (p.313)
Assim Zaratustra falou e continua falando até hoje.