Geração Desconcentrada

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lendocronica

Enquanto escrevo este texto, estou ouvindo música, conversando com uma amiga no Skype, conectada no Facebook e com várias janelas abertas no computador. Será que, se eu estivesse concentrada apenas na tarefa da escrita, conseguiria melhores resultados? Talvez. Talvez não. Seria mais rápida? Provavelmente. Mas para que, se não estou com pressa?

A multitarefa é uma habilidade das novas gerações. A Internet, principalmente, nos permite isso. Navegar por vários sites ao mesmo tempo, assistir a vídeos, pausar para interagir nas redes sociais, etc., é a realidade da maioria dos usuários. Por um lado, é ótimo. Podemos ser ágeis e antenados, realizar múltiplas atividades sem nos perder. Por outro lado, é difícil manter o foco. Ficar parado é uma agonia. Nossos dedos coçam por um celular. É preciso saber dosar. Ou acabamos ficando viciados em tecnologia, estressados, ansiosos, e perdendo pequenos prazeres offline. Fazer uma coisa de cada vez por vezes é mais saudável.

E no que isso afeta o hábito da leitura? É evidente: ler exige concentração. E andamos tão impacientes… Queremos tudo rápido, fácil, pronto, como os textos curtos e práticos da Internet. Preferimos a segurança dos 140 caracteres do Twitter. Um livro de 300 páginas nos assusta.

Precisamos reaprender a fitar o vazio e silenciar a mente. Precisamos reaprender a focar em uma única tarefa, se ela for importante o suficiente que mereça toda atenção possível. Precisamos reaprender a nos desligar de tudo, sem neuroses ou preocupações. Precisamos nos reaproximar daquilo que canaliza a energia: os livros, a natureza, nosso próprio interior. De nada vale realizarmos várias tarefas ao mesmo tempo se, em algum momento, não nos entregamos verdadeiramente a nada. Aproveitemos as vantagens da nossa geração desconcentrada, sem permitir que a velocidade de nossa mente atrapalhe nossa paz de espírito.

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