Lançamento do trailer da nova adaptação cinematográfica de O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, levanta a discussão sobre a popularidade da obra.

Publicado em 1943 por Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe, a princípio um livro destinado ao público infantil, por seu teor filosófico sutil e sua alta sensibilidade poética, acabou conquistando leitores de várias idades e países. É considerada a terceira obra literária mais traduzida do mundo e o livro em língua francesa mais vendido e reeditado. Também já passou por várias adaptações ao cinema, à TV e ao teatro, como desenho, filme ou musical. Até hoje, o cativante Pequeno Príncipe faz parte da cultura popular, estampando capas de caderno, canecas, almofadas, tatuagens, etc.
E vai ganhar uma nova adaptação cinematográfica, em formato de animação, cujo trailer já foi divulgado.
O principezinho é pop, com direito ao compartilhamento de frases do romance no facebook, além de ser o mais citado pelas antigas misses. A única preocupação de toda essa popularização do livro de Saint-Exupéry é saber se as pessoas de fato leram a obra ou apenas consideram a figura símbolo do príncipe criança fofinha, da mesma maneira com que citam Clarice Lispector sem conhecer sua literatura. É claro que adaptações para outras linguagens, como o cinema, são sempre válidas enquanto releituras, porém jamais substituirão o conteúdo do livro. Esse é um dos grandes perigos de nossa época: a facilitação do acesso à informação nos dá a ilusão de que sabemos de tudo um pouco, sem que, para isso, precisemos buscar as fontes, o que é uma falácia.
Seja como for, a grandeza do Pequeno Príncipe consiste em sua simplicidade. Não é preciso desenvolver complexas teorias filosóficas para mostrar o valor da amizade, dos sonhos e da fantasia, e como os adultos podem aprender com a pureza das crianças, devendo lutar para preservá-la dentro de si. Saint-Exupéry consegue desenvolver esses temas numa narrativa curta em que um príncipe de um pequeno planeta, durante visita à Terra, cruza o caminho de um aviador perdido no deserto e lhe conta suas aventuras pelo universo. A própria morte do escritor, em circunstâncias misteriosas, deram margem à imaginação de seus fãs. Ele, que também era piloto, desapareceu numa queda de avião, situação semelhante à de seu narrador. Não tendo sido esclarecido o caso, as principais hipóteses são de suicídio ou acidente; porém, é mais poético imaginar que ele tenha ido ao encontro de sua maior criação, o Pequeno Príncipe, que encanta tantas gerações com sua sabedoria infantil.