No século XX, na Europa, estava em alta o movimento artístico das Vanguardas Europeias, que foi uma manifestação revolucionária dos conceitos de Literatura e Arte.
Nesta época, estava ocorrendo a I Guerra Mundial, Revolução Socialista, Belle Èpoque, ou seja, o mundo estava badalado, cheio de acontecimentos que mudariam a vida das pessoas. E é nesse período que Franz Kafka insere o livro A Metamorfose, que expressa por meio da irrealidade uma forte crítica às atitudes humanas daquele período.
Irrealidade, claro! O mundo estava de pernas para o ar! Guerra, revoluções, invenções inovadoras, como o telégrafo sem fio!, o cinema; enfim, o boom industrial se instalava sobre o mundo, retrato do que iríamos chamar de cultura moderna.
Nesta época, Franz Kafka apostou em uma história chamada A Metamorfose, onde a questão abordada é a transformação de um rapaz e as consequências ocorridas ao redor deste acontecimento.
A novela se utiliza de elementos fantásticos e reais para comparar algumas situações: Gregor Samsa, o protagonista, acorda, em uma manhã qualquer, transformado em um inseto, que mais se aproxima de uma barata. Louco, não? Não!
Kafka justamente choca o leitor com esse fato (essa transformação fantástica), uma vez que ele quer tratar de algo muito mais chocante, o descaso da família de Gregor perante a sua debilidade e a preocupação desta com quem iria levar dinheiro para casa, já que o rapaz havia virado uma barata.
Como disse o ilustríssimo Tzevetav Todorov (um filósofo e linguista búlgaro, radicado na França, que se dedicou ao fantástico e o maravilhoso no mundo literário) no livro Introdução à Literatura Fantástica: “aquilo que distingue o “fantástico” narrativo é precisamente uma perplexidade diante de um fato inacreditável…”
Franz Kafka poderia ter transformado seu respectivo caixeiro-viajante, Gregor Samsa, em um aleijado, amputado, ou colocado uma espinha na ponta de seu nariz, o que o traria para um contexto real, contudo sairia do mix do real e irreal.
Através da transformação, junto com o desenrolar da estória, o protagonista perde o valor para A sociedade, visto que perde a capacidade de servir. E esta foi uma boa pauta para criticar a maneira de pensar do ser humano moderno, que não possui o mínimo sequer de preocupação com o outro.
Além disso, a obra de Franz Kafka aponta a desconstrução do modelo ideal familiar diante de uma situação delicada, visto que Gregor se torna um incômodo para a família, que agora além de não poder mais contar com a sua ajuda financeira ainda teria que lhe dar assistência.
Comparando o protagonista, que sempre serviu e que agora se encontra impossibilitado, com qualquer pessoa que sempre ajudou e que, por circunstâncias da vida ou do destino, encontra-se debilitada e sem condições de ajudar, tornando-se, muitas vezes, um incômodo; o não poder servir torna-se algo deveras triste e solitário.