Henri Filipacchi, o homem que inventou o livro de bolso

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Num país em que se praticam altos preços nas compras de livros, principalmente se você quer algo muito específico, os livros de bolso são uma ótima opção. Mas quem teve a brilhante ideia?

O ano foi 1953. O editor da Librairie Générale Française, uma subsidiária da Hachette, resolveu publicar a coleção Le Livre de Poche (o livro de bolso, em francês). O slogan foi “Não se pode viver sem um livro em seu bolso”. A verdade é que os formatos que cabiam no bolso já existiam. Desde 1905, eram comercializadas as Edições Jules Tallandier, romances populares a baixo custo. Mas foi somente através de Henri Filipacchi que houve uma explosão de vendas, devido à combinação do novo conceito de consumismo, com a época. Também contribuiu a demanda popular e o uso de um livro barato e dessacralizado, apresentado em capas que lembravam cartazes de cinema.

"Koenigsmark", de Pierre Benoit, primeiro livro da coleção Le Livre de Poche
“Koenigsmark”, de Pierre Benoit, primeiro livro da coleção Le Livre de Poche

O primeiro livro publicado foi Koenigsmark, de Pierre Benoit, no lançamento da coleção. A seguir, a cada quinze dias, um novo título era lançado. De 8 milhões de cópias em 1957-1958, as vendas subiram para 28 milhões em 1969. Este sucesso inspirou concorrentes: J’ai lu, criado por Flammarion, em 1958; Presses de Peche, criado pela Presses de la Cité; e Folio, criado pela Gallimard em 1972, após a sua retirada do Librairie Générale Française.

Obviamente, como só poderia acontecer na França, o reino encantado de quem gosta de discussões, o livro de bolso gerou muitas polêmicas, com participação até mesmo de Jean-Paul Sartre. Les Temps Modernes, a revista que o filósofo dirigia, lançou dois números com artigos de Bernard Pingaud, Jean-François Revel e Philippe Sollers, entre outros. Pingaud disse que: “O livro de bolso é feito para circular, servir, e preencherá plenamente seu papel no dia em que, considerado como um simples meio e não como um fim, a leitura, graças a ele, cessará de ser um privilégio para se tornar uma partilha, o caminho mais curto que liga um homem a outro”.

Alheio às polêmicas, Henri Filipacchi, o homem que inventou (ou melhor, reinventou) o livro de bolso, seguiu fazendo seu trabalho e faturando uma boa grana. Até hoje este é um formato bastante rentável para as editoras, pela venda em quantidade, e acessível aos leitores.

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(Louvado seja Henri Filipacchi). Semana passada, comprei dois livros de bolso, e você, quando foi sua última compra?

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