A Importância de Machado de Assis um século depois de sua morte

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Quando queremos citar um cidadão humilde que brilhantemente venceu na vida com arrojo, o primeiro nome lembrado é Machado de Assis.

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Machado de Assis

De origem humilde, paulatinamente foi criando o seu magnífico mundo letral espetacular, fundou a Academia de Letras, marcou a arte lítero-cultural brasileiríssima com a sua essência de vida e também com o próprio registro magistral de sua época, de seu tempo, incluindo as agruras sócio-culturais do período. Escrevia como quem punha a alma do Brasil para madurar, dando testemunho de si nos despojos, registrando com sapiência em tantos livros importantes o seu valor, a sua cultura, fazendo com que, cem anos depois, ainda o estejamos estudando, tenhamos orgulho dele, pois nunca mais haverá outro como Machado de Assis, se assim podemos dizer, o Número Um.

No Brasil é lido entusiasticamente como nunca, seus textos caem em provas e vestibulares oficiais de renome, jovens universitários de gabarito descobrem e estudam a sua maestria com as palavras, a construção dos quadros narrativos, o estilo todo peculiar e inconfundível. Fora do Brasil é tido como um gênio, a altura dos grandes nomes da literatura mundial, até mesmo muitas vezes sendo cobrado porque não teria sido indicado para o Prêmio Nobel de Literatura.

Romances que passam a limpo as mudanças que vivia o Brasil; tons irônicos, enfoques humanitários, sempre recuperando situações nodais, moldando palavras e criticando os contrastes sociais de sua época e outras, império, escravatura, sociedade. Documentou, historiou, decodificou o meio hipócrita e mostrou toda a sua verve e o depuro no oficio do qual era mestre. Técnica narrativa cativadora, surpreendente linguagem e abstração portentosa que fundava ali, a graceza cultural emergente no seu mais alto estilo e qualidade, revelando a tez chão de sua carreira até hoje inquestionável.

A importância de Machado de Assis cem anos depois de sua morte é a própria prova de que ele foi muito além de seu tempo, apesar das agruras do que a vida lhe impôs, e que talvez por isso mesmo também em seu caráter fizeram-no forte, valorando sua ética como registro de um povo, de um tempo, de um lugar. Sem ele, a literatura brasileira não seria a mesma. Foi pioneiro na qualidade histórica de sua área, insubstituível, e o próprio tempo, como juiz soberano, o valora sobremaneira, colocando-o no patamar dos melhores do mundo. Marco histórico, portanto, Machado de Assis tornou-se referencial para autores que o sucederam no ramo literário, criou linhagem qualitativa, fez escola, é comparado e está acima de todos, sendo citado com probidade e garbo, servindo como acervo de pesquisas históricas acadêmicas até, pertinente ao seu momento literal (costumes, figurinos, crendices, visões do império, da escravatura, da abolição, da república), além de dar sustentação para teses sociológicas e ainda ser considerado o fundador do melhor quilate da arte narrativa brasileira.

Quando queremos citar um cidadão humilde que brilhantemente venceu na vida com arrojo, o primeiro nome lembrado é Machado de Assis. A sua importância é que seus livros vendem, sua técnica narrativa densa atrai, os seus personagens cativam (como Capitu e Bentinho, por exemplo) e ainda, com profundidade, permite múltiplos entendimentos, fazendo-o um personagem de si mesmo, um mito, portanto.

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