A improvisação era vital para Twin Peaks – entrevista com Brad Dukes

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Leia entrevista exclusiva do Homo Literatus com Brad Dukes sobre seu livro que trata dos bastidores de Twin Peaks

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Twin Peaks marcou época com seu enredo sem noção, seus personagens cativantes com menos noção ainda e pela criatividade do conjunto. Combinando suspense, humor, surrealismo e investigação, a série exibida nos idos de 1990 – bem antes de sonharmos a Netflix exibindo seriados que viriam a inspirar livros e uma das edições da nossa Pulp Fiction, quando não buscaram ideias neles – vai ganhar uma terceira temporada em maio.

O livro Twin Peaks – Arquivos e Memórias, da editora Darkside, conta os bastidores da série por meio de entrevistas e pesquisas que o fã Brad Dukes fez. Ele assistiu à série com nove anos (!) e sobreviveu para fuçar o que acontece em Twin Peaks, e conta um pouco do livro nessa entrevista exclusiva para o Homo Literatus.

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Dukes, você assistiu a primeira temporada de Twin Peaks com nove anos, e manteve a sanidade (ao contrário de muitos de nós) para fazer uma pesquisa sobre a série. Em qual ponto veio a ideia de escrever um livro sobre o tema, e como foi o processo?

Eu mantinha um blog no braddstudios.com onde eu fazia entrevistas e posts sobre Twin Peaks. Após alguns anos, minha esposa veio com a ideia de um livro, e então alguém me disse pelo Twitter que eu deveria fazer um e-book das entrevistas que já tinha feito. Pensei nisso, e eu realmente queria fazer algo que fosse novo e não uma repetição de alguma coisa que fiz antes. Mark Frost era um grande apoiador do meu blog, e imediatamente ele me disse que me ajudaria de qualquer jeito que pudesse quando falei da ideia do livro. A partir daí, fui atrás de qualquer um que eu pudesse encontrar que estivesse disposto a falar comigo [sobre a publicação]. No final, o livro abrangeu três anos sólidos de trabalho.

Essa pesquisa mudou a sua visão e relação com a série?

Às vezes pode ser difícil se sentar e assistir um episódio objetivamente, porque acabo procurando detalhes na tela, ou vou me lembrar de uma história que um editor ou ator me contou. Não assisti à série tanto assim desde que terminei o livro, mas estou muito empolgado para assistir de novo antes do seriado voltar em maio. Assisti tantas vezes ao longo dos anos que a conheço de trás para a frente na minha cabeça.

Sabemos que muitos dos personagens surgiram nos testes de elenco. Eles são figuras peculiares. Como você acha que isso influenciou a construção do roteiro?

Eu acho que David Lynch realmente criou o tom de Twin Peaks durante as filmagens do episódio piloto, onde procurou deixar a circunstância ou o fato ditar a direção. Se você olhar os roteiros originais de muitos desses episódios, [vai notar que] muitas mudanças aconteceram durante as gravações. Muitos escritores e diretores com quem falei disseram que essa atitude os deu a liberdade e a coragem de tentar mais coisas que pudessem parecer malucas ou não tradicionais. A improvisação e o instinto eram vitais para a identidade de Twin Peaks.

Uma das polêmicas que dividem os fãs é os que gostam da segunda temporada e os que não a suportam. Provavelmente porque eles tiveram que ‘revelar’ quem matou Laura Palmer e realizar várias mudanças na série. Pode comentar a respeito?

Acho que cada episódio de Twin Peaks tem momentos que são clássicos e vitais para a compreensão da história, que está inacabada no momento. Na minha opinião, Twin Peaks foi muito feliz de ter produzido e transmitido todos os seus episódios originais. Sem o episódio final, é difícil dizer se o filme Twin Peaks: O Fogo Anda Comigo teria acontecido, ou se uma inimaginável terceira temporada teria sido uma possibilidade remota. Os fãs se agarram em Twin Peaks por duas décadas, e tenho que creditar o episódio final da segunda temporada por muito disso.

A carreira de David Lynch parece ter tomado um novo rumo após Twin Peaks. Foi a partir daí que ele produziu seus melhores filmes, como Lost Highway (1997), Mulholland Drive (2001) e Inland Empire (2006). Como seu livro retrata esta fase fundamental na vida de Lynch?

Essa é uma época fascinante com trabalhos incríveis do Lynch, porém, meu livro cobre estritamente a vida e o tempo de Twin Peaks da metade dos anos 1980 até 1991. Senti que era importante focar apenas em Twin Peaks e contar uma história bem amarrada, e isso quer dizer que não usei muitas das grandes histórias de coisas como o filme O Fogo Anda Comigo. Lost Highway é provavelmente meu filme favorito do Lynch!

Twin Peaks foi inovadora, na época, por trazer pela primeira vez um único mistério ao longo de todos os episódios. Quais são as suas expectativas com a terceira temporada? No que o universo de Twin Peaks ainda pode surpreender aos fãs?

Estou esperando ser pego completamente de surpresa. Ouvi e vi um tantinho de coisas que vão acontecer na terceira temporada, e estou completamente encantado e intrigado por ela.

E para finalizar com bom humor, revele para nós, você é o gigante ou o dançarino da Black Lodge?

Definitivamente o gigante!

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Colaboraram:

Jefferson Figueredo

Marcela Güther

Vilto Reis

Walter Bach (tradução e adaptação)

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