O que não existe mais, de Krishna Monteiro, é um livro de contos que estimulam a mente, transitam entre o normal, imaginário, triste e o habitual
Dando início a sua carreira, o escritor Krishna Monteiro – nascido no Paraná, graduado em economia, mestre na área de ciências políticas e com uma atuação breve no jornalismo – lança sua obra de contos intitulada O que não existe mais.
Qual seria o verdadeiro significado do “real” para nós, humanos? Quantos sentimentos somos capazes de absorver, guardando-os apenas para nós mesmos a tal ponto de confundirmos o que é realidade e o que é delírio? Nesta obra encontramos uma bela junção de sete contos cuja temática se aprofunda em questões do ser, do existir, conflitando-se com o modelo de vida o qual conhecemos. A tal realidade que pode ser tão subjetiva, principalmente tendo-se vários ângulos de uma mesma situação.
O primeiro conto, O que não existe mais, o qual nomeia o livro trata da ausência sentida de um filho pelo seu pai, mas não somente o sentimento de vazio, ele se aprofunda na capacidade de cada um desenvolver ilusões, peças, e até mesmo uma realidade particular como forma de superar uma dor tão profunda. Durante o luto, ainda abalado com o falecimento do pai, o filho consegue vê-lo em cada canto da casa, relembrando sua postura, seus hábitos e até mesmo seu olhar. Ainda consegue ouvir seus conselhos e suas reprovações. Durante esse processo de aceitação o filho chega a perder a noção de realidade, duvidando até que fosse ele quem estaria morto, e não seu pai.
Em Um âmbito cerrado como um sonho, vemos os fatos serem contados sobre a perspectiva de um gato, atento a tudo o que acontece em seu lar e com seus donos. Nota-se que o clima ali não é dos melhores, logo de início fica claro que há um vazio entre o casal que ali vive causado por uma perda recente. Arrasada, a mulher se fecha, afastando até mesmo seu marido, não se importando mais com o mundo a sua volta, nem mesmo com sua própria vida.
Tal obra de Monteiro merece nossa total atenção, apreciação e questionamento sobre cada aspecto trabalhado ao longo do livro. Contos que estimulam a mente, transitam entre o normal, imaginário, triste e o habitual.