Luzes de emergência se acenderão automaticamente

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Luzes de emergência se acenderão automaticamente, de Luisa Geisler, narra o crescer e os conflitos da passagem da juventude à vida adulta

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Há muitos bildungroman (romance de formação) na literatura mundial. Não muitos (infelizmente) na literatura nacional. Nenhum tão contemporâneo e atualizado com as ânsias e os problemas de se tornar um adulto do que Luzes de emergência se acenderão automaticamente, de Luisa Geisler.

O narrador, Henrique, mora em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, tem um emprego como atendente de numa loja de conveniência, faz faculdade e tem uma namorada. Até aqui nada mais ordinário da vida de muitos jovens brasileiros que vivem em torno de um centro urbano maior. Henrique (ou Ike) se sente angustiado com a cidade que não é Porto Alegre, com o querer mais – na vida e da cidade – e não conseguir.

A história gira em torno da sua vida e das cartas que Ike escreve a um amigo, Gabriel, em coma depois de cair (risos) de uma rede na varanda da casa. Como forma de informar as coisas que Gabriel está perdendo, ele decide escrevê-lo.

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Luzes de emergência se acenderão automaticamente (Alfaguara, 2014)

A graça de Luzes de emergência se acenderão automaticamente começa exatamente neste ponto. O relato tem início como a crônica da vida em torno de Gabriel, da sua família e amigos. Ela avança para uma crônica sobre o próprio narrador, seus problemas e dificuldades (namoro, emprego, futuro) e então termina na grande confusão que é encontrar seu lugar no mundo ao se ver com os problemas, grande e pequenos, da vida.

Escrito numa linguagem ágil – não simplista -, o romance avança pelos pequenos dilemas, pelas piadas de uma geração com menos de trinta anos, pelos encontros e desencontros, ânsias e questões que jovens podem ter num mundo como o nosso.

Além disso, a linguagem progride lentamente, mostrando a instabilidade do narrador-protagonista no desenrolar dos acontecimentos – principalmente com seus P.S. infindáveis, maiores até que as próprias cartas.

Se você é um puritano, Luzes de emergência se acenderão automaticamente não será uma boa escolha. Todo o mundo de Facebook, música, livros cults (ou não), bobagens (ou não) típicas de uma geração – a de Luisa, a minha e a da maior parte dos leitores do Homo Literatus – estão lá.

Como se não bastasse todo o turbilhão de crescer, Ike conhece Dante/Dane, um jovem gay com quem acaba se relacionando. O relacionamento entre ambos, sempre narrado do ponto de vista de Henrique, parece incerto, pois sua visão sobre este ponto da sua vida é incerto. A descoberta da vida sexual e os preconceitos contra si surgem, crescem e se misturam com os outros problemas/questões que o rodeiam.

Pode parecer superficial – e talvez seja – a descrição acima. Eu, porém, prefiro não adentrar no pequeno do enredo. Não contar as pequenas descobertas e decepções narradas nas cartas a um amigo que, talvez, nunca acorde.

Ler Luzes de emergência se acenderão automaticamente se põe como um exercício de entender uma geração que cresce no século XXI, além de entender que crescer, independente de época, é um momento difícil em qualquer época.

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