Mais 10 canções baseadas em obras literárias que todo mundo deveria ouvir antes de morrer
Literatura e canção têm uma ligação próxima – alguns dizem que a canção é a herdeira moderna da poesia. Mesmo os mais literatos possuem as suas preferidas – e muitas delas estão ligadas diretamente com a literatura.
Já há um post anterior com 10 canções e houve muitas reclamações/sugestões. A nova lista é para 1) dar vazão ao que possa ter ficado de fora e 2) dar acesso e/ou conhecimento sobre as escolhidas.
Demos preferências a canções conhecidas, de relevância em algum período ou de forte apelo à obra com a qual dialoga (e que tenha alcançado certa popularidade). Isso quer dizer que a sua banda finlandesa de metal progressivo não vai estar aqui, nem aquela maravilha da MPB que você acha injusto estar de fora, muito menos a cantor(a) do momento que fez uma canção baseada quem sabe num título de romance.
Se você quiser acusar o autor das escolhas de ter usado seu gosto pessoa, por favor, clique aqui.
Pegue seus fones, os livros da instante e se divirta!
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1. I am the walrus – The Beatles
A canção mais delirante composta por John Lennon é inspirada no poema The Walrus and the carpenter, de Lewis Carrol. Um grande mosaico feito propositalmente para não ter nenhum sentido, a canção conta com pérolas como Man, you should have seen them kicking Edgar Allan Poe (cara, você deveria tê-los visto chutando Edgar Allan Poe)
2. Ramble On – Led Zeppelin
Robert Plant é um grande admirador da obra de Tolkien e compôs várias canções baseadas em O senhor dos anéis. Ramble On menciona várias paisagens e personagens da saga, incluindo mordors e gollums embalados pelas guitarras de Jimmy Page.
https://www.youtube.com/watch?v=a3HemKGDavw
3. One – Metallica
Baseado parcialmente no romance (e no filme) Johnny got his gun, de Dalton Tumbo, trabalha com um tema caro à cultura americana: a guerra. A canção traz reproduções de falas do filme que são passagens literais da obra, além de criar a atmosfera sinistra da Primeira Guerra Mundial em mais uma bela peça antiguerra.
4. Dom Quixote – Engenheiros do Hawaii
Humberto Gessinger compôs a letra dessa canção a partir das vagas lembranças da sua leitura do clássico espanhol. Mesmo sem citar o nome do cavaleiro da triste figura uma única vez, toda a ambientação da composição levam ao personagem, aos seus moinhos de vento e à esperança por ele expressa.
5. Tom Sawyer – Rush
Pye Dubois, compositor e poeta canadense, estava tentando compor uma letra decente para aquela que, segundo ele, era a melhor música da banda jamais composta. Ele tentou pensar em qual livro lhe tinha dado a mesma sensação ao lê-lo e lembrou de As aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain. Ele descreveu sua sensação durante a leitura e nomeou a canção com o personagem-título.
6. Monte Castelo – Legião Urbana
Apesar de já ter visto numa camiseta em Porto Alegre que dizia Amor é fogo que arde sem doer/ É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina sem doer, Renato Russo, essa canção é baseada no famoso soneto de Camões.
7. Testify – Rage Against the Machine
Quem controla o passado agora controla o futuro, quem controla o presente agora controla o passado. São essas as palavras de George Orwell em 1984 e de Zack de la Rocha nessa canção de protesto.
8. Geni e o Zepelim – Chico Buarque
Essa metáfora foi composta originalmente para a peça Ópera do Malandro do próprio Chico. Não bastasse tal fato, a canção tem duas origens literárias: Bola de Sebo, de Guy de Maupassant, e Toda Nudez Será Castigada, de Nelson Rodrigues.
9. White Rabbit – Jefferson Airplane
Clássico lisérgico dos anos 1960, essa canção é altamente inspirada naquele que é o livro base de todas as trips de ácido dessa geração: Alice no país das maravilhas. O coelho do título é aquele que Alice persegue, mas a viagem é muito mais forte e colorida do que a imaginada por Lewis Carrol.
10. Sympathy for the Devil – The Rolling Stones
Mick Jagger diz ter sido influenciado fortemente pelo romance então proibido na URSS, O senhor e a margarida, de Mikhail Bulganov, e pelos poemas de Baudelaire em As flores do mal. O resultado é um dos clássicos dos anos 1960, mistura de samba, rock, romance alegórico e poesia.