Mais borracha do que lápis – Vilto Reis

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Na verdade o correto seria dizer “mais backspace do que caractere”, mas quem escreve tem destas manias. Borracha e lápis soam melhor, quase usei pena.

Agora voltando ao assunto, conheço muita gente que passa mais tempo apagando do que escrevendo. Isto é um problema sério, pois a atividade de escrever é realmente um processo inseguro. Quando estamos realizando-a, e falo de quem escreve histórias, não temos um editor-chefe que possa apontar onde estão os erros, como os jornalistas. Mas claro, devemos desenvolver uma autocrítica, no entanto também precisamos saber quando deixá-la em mode off.

Sabe aquele momento em que estamos em algum lugar ou vemos algo que nos causa aquele estalo, o insight, metade das histórias morrem aí. As pessoas, em geral, deixam passarou até mesmo se esquecem da ideia; ou pior, do que venho falando, criticam suas histórias e elas acabam nunca sendo escritas.

Deixo aqui um princípio que você pode considerar, ou não; entretanto, uma história só pode ser questionada quando estiver escrita. Escreva. Simples assim. É claro que você pode, e deve, apagar e cortar partes, pois como falou Voltaire “escrever é a arte de cortar palavras”. No entanto, saiba que antes de excluir alguma parte, você tem que ter algo.

Dizem que a primeira versão de “O velho e o mar”, de Ernest Hemingway, tinha quinhentas páginas; mas a que foi publicada continha apenas pouco mais de cem páginas. Agora imagine se ele não tivesse escrito a primeira versão, não haveria nada a cortar.

E você, já teve alguma experiência onde teve que cortar o texto? Ou que não conseguiu escrever? Conte nos comentários.

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Texto também publicado no site Filhos de Gaia, no dia 10/07/2012.

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