As Máscaras de Deus – Joseph Campbell além da Jornada do Herói

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O antropólogo Joseph Campbell (1904-1987) é mundialmente reconhecido por ter descoberto um estilo de narrativa intitulada por ele “Monomito” ou “Jornada do Herói”. Mas a obra de Campbell vai muito além de O Herói de Mil Faces (1949)

Joseph Campbell

As Máscaras de Deus apresenta as origens da mitologia e dos rituais em quatro volumes. O autor rastreia a diáspora da humanidade em busca da identidade das muitas culturas existentes – e extintas – em nosso planeta ao longo da história. E assim como em O Herói de Mil Faces, Campbell faz uso do método comparativo para identificar as semelhanças e diferenças entre as histórias que o povo conta.

O primeiro volume, Mitologia Primitiva, é dedicado aos povos caçadores e coletores desde a aurora da humanidade. Campbell remonta e compara os mitos através dos achados arqueológicos com a ajuda de outras ciências como a biologia e psicologia. Por exemplo, há indícios de atividade cultural datadas de seiscentos mil anos antes de Cristo! Além de recontar os mitos através da história, o autor apresenta sua tese da função da mitologia para a humanidade. Vale a pena conferir.

No segundo volume, Mitologia Oriental, Campbell explica a divisão entre oriente e ocidente em termos mitológicos. Aborda a origem e desenvolvimento da mitologia de culturas milenares como Egito, Índia, China, Japão e Tibete. Portanto, se você gosta de cultura oriental, esse volume é leitura obrigatória.

 

Em Mitologia Ocidental, o terceiro volume, é explorada a mitologia dos povos do lado oeste do planalto do Irã – que por sinal é o grande divisor de águas do mundo mitológico. Aqui entendemos a transformação do mundo regido por uma mitologia matriarcal para o patriarcal, onde as deusas são substituídas por um panteão de deuses
masculinos, passando pelos grandes clássicos e a Idade das Grandes Crenças.

E por fim, no quarto e último volume, Mitologia Criativa, o autor aborda a esfera filosófica, espiritual e artística da cultura moderna, em que o homem é o criador de sua própria mitologia.

 

Defensor da teoria difusionista, Campbell mostra de modo primoroso – e sem chauvinismos desnecessários – como os rituais e mitos criaram um sincretismo que confirma a tese de que a raça humana é uma unidade, não apenas em termos biológicos, mas também em sua história espiritual.

Se você é daqueles leitores (ou escritores) que gostam de conhecer a origem das histórias, assim como o início da literatura – lembre-se, antes das narrativas serem escritas elas eram contadas em volta de fogueiras ou dentro de cavernas sem wi-fi – conhecer o trabalho de Joseph Campbell elucida muitos pontos que aquela aula de literatura da escola infelizmente não contemplou.

Boa leitura!

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