Mitologia: Eros e Psiqué – Sté Spengler

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Para minha felicidade, este semestre iniciamos as aulas de Teoria Literária na faculdade. Sabe quando você mergulha num assunto e quando vê o tempo passou absurdamente rápido? Você poderia ficar a noite inteira e mais um pouco apenas ouvindo… Bom, como objeto de estudo introdutório, nos foi dada uma coletânea sobre mitologia. Ah, que mundo fascinante! Formamos duplas e cada par receberia um mito específico. Eu, como romântica incurável, optei pelo mito de Eros e Psiqué.

Resolvi ir além do trabalho de sala de aula e decidi criar uma mini coletânea para o Homo Literatus. Nas próximas semanas eu vou narrar a história do filho de Afrodite, deusa do amor, e da primeira mortal que ascendeu ao Olimpo. Espero que gostem. Aqui vamos nós…

Parte um – O destino de Psiqué

Do alto do Olimpo, uma calorosa discussão se desenrolava em torno de um único desejo: vingança. Algo inadmissível estava acontecendo na terra, o que acabou despertando profunda ira em uma bela deusa.

– Eu não suporto mais essa mulherzinha! Quem é ela se comparada a mim, a deusa do amor e da beleza? – Afrodite caminhava de um lado para o outro, agitada.

– De fato: quem é ela?! Mamãe, a senhora vai mesmo se preocupar com uma simples mortal?

– Você não compreende, Eros. Meus templos estão vazios. – gritou – As pessoas estão adorando a ela… essa tal de… Psiqué! – Afrodite cuspiu aquele nome. – Agora vamos, repita a ordem que eu lhe dei!

– A senhora quer que eu lance minha flecha sobre essa jovem e a faça se apaixonar pelo pior homem do mundo.

– O mais feio e vil que houver! – completou.

– Tudo bem. E onde eu a encontro?

– Ontem o pai dela consultou o Oráculo de Apolo e o seu destino foi determinado: ela precisa ser entregue em sacrifício a um terrível monstro se eles não quiserem que a ira dos deuses recaia sobre o reino. – ela respirou fundo e continuou – Você a encontrará no monte mais alto e isolado da cidade.

Decidido a reconquistar a honra de sua mãe, Eros tomou suas flechas e numa breve reverência, despediu-se de Afrodite. Uma mortal estava roubando o lugar de uma deusa – isso não poderia ficar assim. Ele não permitiria. Abrindo suas asas, o deus alado voou até o monte em que Psiqué se preparava para o sacrifício. Seu pai, o rei, estava ao seu lado. Não era possível ver o rosto da jovem, pois ela estava coberta com uma indumentária fúnebre. A cena era comovente. Eros escondeu-se atrás de um arbusto, esperando o momento em que a moça ficasse sozinha.

– Sinto muito, minha filha, mas é a vontade dos deuses.

– Se é o que eles desejam, que assim seja. – Psiqué respondeu ao pai.

O rei a abraçou e ergueu o véu para lhe beijar a testa. Naquele instante, Eros pode ver os olhos de Psiqué e ficou fascinado com tamanha beleza. Ele levantou-se lentamente para tentar enxergar melhor e acabou sendo ferido por uma de suas flechas. Imediatamente Eros se apaixonou pela princesa, levando ao pé da letra o sentido do seu nome: o amor personificado. O deus alado continuou escondido, apenas observando a moça. Precisava conhecê-la melhor…

Assim que seu pai partiu, Psiqué já não era mais capaz de conter as lágrimas. Estava decidida: faria o sacrifício pelo bem do seu reino, mas em seu íntimo o medo tomava espaço… que terrível monstro viria até ela? Não importava, precisava ser corajosa.

Aguardando o seu trágico destino, o dia passou-se e ela adormeceu depois que seus olhos secaram.

Chegara a vez de Eros agir.

[continua…]

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