Quantos livros nós compramos e não conseguimos ler?
Não importa o que Chico Buarque faça. No que quer que seu nome esteja envolvido, a atenção da mídia será atraída, gerando receita e audiência. A Companhia das Letras, gigante que publica seus livros, fez um grande trabalho publicitário que antecedeu o lançamento de O Irmão Alemão, seu último romance. A isso se seguiram inúmeras matérias em jornais e revistas como Folha de S. Paulo e Piauí. Foi assim, curioso pela nova obra (gostei muito de Leite Derramado, seu livro anterior) e ludibriado pela beleza publicitária, que comprei o livro, numa dessas promoções da madrugada, sobre o famigerado bastardo germânico.
Depois de Barba Ensopada de Sangue, fiquei curioso para ler outros livros de Daniel Galera. Li várias resenhas sobre Cordilheira, um romance feito sob encomenda para a Companhia das Letras, fruto do projeto em que a editora envia seus escritores contratados para diferentes cidades do mundo (Galera foi para Buenos Aires). Interessei-me também por Cachalote, história em quadrinhos por ele roteirizada e desenhada por Rafael Coutinho (outro projeto da editora paulistana, que visa juntar escritores e quadrinistas). Comprei Mãos de Cavalo por conta da história: um indivíduo retratado em três fases distintas de sua vida. E também por causa do título bonito.
2001 – Uma odisséia no espaço é um filme clássico de um cultuado diretor. Comprei o DVD já há algum tempo, mas a oportunidade de assistir ao longa ainda não foi encontrada. Está perdida, vagando por aí. Um amigo aconselhou-me a fazer o seguinte percurso: filme, livro, filme. Acho que a sugestão se deve à complexidade da obra. A editora Aleph tem se destacado pelo lançamento de obras de ficção científica e distópicas como Eu, robô (Isaac Asimov), Neuromancer (William Gibson), Laranja Mecânica (Anthony Burgess) e Fluam, minha lágrimas, disse o policial (Philip K. Dick). As edições são muito bonitas e etc. Comprei o livro de Arthur C. Clarke que originou o filme de Kubrick com a intenção de realizar o caminho proposto por meu amigo.
Fabio Massari é uma verdadeira enciclopédia musical. Gostava muito de seus programas e entrevistas na fase boa da MTV. Depois que ele saiu de lá, perdi contato com suas resenhas inebriantes. Conheci bandas como Russian Circles e Mastodon por causa de seus textos. Certo dia, li no blog do André Barcinski post sobre o livro Mondo Massari, que reúne textos, resenhas e entrevistas realizadas pelo jornalista. Barcinski dizia que só conseguiu largar o livro depois de ter virado a última página. Não pensei duas vezes: confirmei o pedido, paguei o boleto e recebi a encomenda três dias depois.
A editora Veneta vem lançando bons títulos de histórias em quadrinhos. Tungstênio, de Marcelo Quintanilha, é um achado. Depois de muitos anos fora de catálogo, a editora lançou Do Inferno, do cultuado roteirista Alan Moore. Embora Watchmen e V de Vingança sejam seus títulos mais aclamados, muitos apontam Do Inferno como sua obra-prima, que relata a saga de Jack Estripador, o mais famoso serial killer de todos os tempos. A obra foi adaptada para o cinema no início dos anos 2000 com Johnny Depp no papel principal. Adquiri enquanto o produto estava em pré-venda.
Todos esses títulos nunca foram lidos e se acumularam a outros. Mas ficam muito bonitos na prateleira.